Laura Medioli

LAURA MEDIOLI escreve aos sábados. laura@otempo.com.br

Fazendo a nossa parte

Publicado em: Dom, 19/05/19 - 04h30

Minha amiga faz aniversário em meados de maio e, como de costume, gosto de presenteá-la com pijamas de lã, plush ou flanela, já prevendo o frio que se inicia na época.

Na loja, ao comprar o presente do Dia das Mães, aproveitei para olhar o tal pijama invernal da minha amiga. Peguei o mais fofo (nos dois sentidos) e pedi para embrulhar. Na hora de pagar, olhando aquela coisa felpuda e calorenta, devolvi – afinal, cadê o frio que costumávamos ter em maio? Teremos inverno neste ano? Aquelas noites gostosas, para ficar esticada no sofá com cobertinhas, pronta para ver Netflix? Que nada! Lá fora um calor fora de época que, vez ou outra, dá uma trégua.

Abro as janelas para refrescar e, em vez de brisa, entram pernilongos. Se der azar, ainda aparece um morcego perdido dando rasante em minha cabeça. E, mais azar ainda, um Aedes aegypti para aumentar as estatísticas; sim, porque neste ano o mosquito bateu recorde no país.

O clima anda tão maluco que até chuva em abril passou a ser uma constante. Nada a reclamar, gosto de uma chuvinha, mas atualmente ela tem virado, para mim, sinônimo de mais dengue, zika, chikungunya e outras doenças.

Dia desses, minha cachorra apareceu com uma manga na boca. Manga em maio??? Como assim? Que eu saiba, manga dá em outubro, novembro, dezembro... E começo a pensar com mais preocupação no que dizem os cientistas e ambientalistas sobre o aquecimento global. Se no meu terreno já estão acontecendo coisas estranhas, imagina no resto do mundo?

Voltando para o tempo maluco, e aquelas chuvas torrenciais que vimos há pouco no Rio de Janeiro? Que, junto com o lixo não perecível, entupindo os bueiros da cidade, fez tamanho estrago?

Aliás, o excesso desse lixo, principalmente o plástico, é outra grande preocupação! Sabemos que a maior parte vai para os oceanos, e não vemos uma diminuição drástica do uso deles. Até quando as pessoas (e neste grupo eu incluo governantes, educadores e pais) tomarão consciência do problema?

Quando minhas filhas eram crianças, eu e o pai delas íamos à praia com um saco enorme nas mãos, catando todos os lixos e plásticos que encontrávamos no caminho. Era lindo vê-las, com seus 5, 6 anos, correndo atrás de garrafas PET e entulhos que alguns incautos descarregavam na areia.

Mais de 20 anos depois, é gratificante vê-las fazendo suas caminhadas, enquanto, naturalmente, recolhem os plásticos que encontram nas calçadas, jogando-os nas devidas lixeiras.

O exemplo foi dado e aprendido. Se cada um fizer a sua parte, podemos ter alguma esperança.