Laura Medioli

LAURA MEDIOLI escreve aos sábados. laura@otempo.com.br

Final de ano e outros blablablás

Publicado em: Dom, 31/12/17 - 02h30

Opa! Dezembro terminando, e eu aqui, como pede a ocasião, ocupando este espaço para falar de promessas de fim de ano, desejos, conquistas e algumas ponderações sobre árvores natalinas e Papais Noéis, mesmo que o Natal já tenha passado.

Normalmente não prometo nada, porque promessas de fim de ano são furadas. Que nem aquela de que “segunda-feira eu começo o regime”. Imagina! Pode até começar, o problema é que ele normalmente dura cinco dias, até o próximo fim de semana. Ter que me privar de chocolates seria um horror. Amo! Qualquer um. Dos caríssimos suíços ao brasileiríssimo brigadeiro queimado na panela de minha casa. Claro que, como toda mulher, me controlo, mas excluí-lo dos meus prazeres, jamais!

Outro dia, enviei um chocotone para minha secretária. Maldade. Ainda mandei um bilhetinho junto, dando a ela o direito de passá-lo adiante – esse divino presente de grego.

Mas voltemos ao Natal. Árvores. Gosto de montá-las, enfeitá-las com bolas vermelhas e luzinhas coloridas. Elas me fazem lembrar a infância, quando aguardávamos ansiosos os presentes da mamãe e do papai, não do Noel, pois este nunca me convenceu.

E me lembro da conversa de minha sobrinha com minha filha, ambas crianças na época:

– Ó, não vá contar ao Bernardo que Papai Noel não existe, hein!

E a outra assustadíssima:

– Ué! Ele não existe, não???

Pronto, lá se foi mais uma ilusão infantil, assim, de supetão. E, como se não bastasse, ainda foi correndo espalhar a novidade à irmã caçula. Tudo bem, requisitar presentes com a mamãe aqui e o papai de verdade era bem mais fácil que com o outro, que só viam em shopping center ou em propagandas de televisão. E foi num shopping que me vi em uma delicada situação com o velhinho. Minha filha, criança na época, na hora de sentar no colo para tirar fotos, olhou bem pra cara do sujeito, aquela barba branca, roupa esquisitíssima... Não deu outra: em pânico, nunca berrou tanto. Saí rapidinho com ela, sem fotos, sem nada, apenas com um pedido gritado de desculpas. Pois é; Papai Noel na minha família nunca teve muito ibope. Será que é por isso que tenho preguiça de ver propagandas com o dito? Agências de publicidade, por favor, no próximo ano sejam mais criativas e tirem o velhinho de cena. Aquele negócio de “Hô-hô-hô...”, tenham piedade! Vamos virar o disco, porque esse é mesmo muito chato.

Antigamente era usual dar e receber muitos presentes. Do jeito que as coisas andam, apenas carinhosas mensagens no celular, o que não acho ruim.

Adoro dar presentes, dou o ano todo. De manga ubá do meu quintal a “produções artísticas” feitas no computador. Existe um ditado que diz que dar presentes é melhor que receber. Concordo.

Certa vez, num Natal por sinal, meu irmão me presenteou com um casal de ratos da Mongólia. Isso mesmo, uma espécie de hamster com rabinho. A rata estava prenhe, pronta para ter seus ratinhos a qualquer momento. Acostumada a criar até filhote de gambá, não me assustei, mas meu marido – que adora animais, principalmente cachorros – olhou para aqueles bichinhos com cara de rato (o que na verdade eram), sentindo um estranho cheiro no ar, fez uma cara tipo “tsc, tsc”. Também os cachorros da casa não desgrudavam os olhos e os focinhos da gaiola. Sabe-se lá o que planejavam. Ainda bem que era presente de irmão – devolvi no dia seguinte. Não lembro que rumo tomaram os ratos com seus ratinhos. Na verdade, nunca deveriam ter sido comercializados.

Mas, como ia dizendo, dar presentes é muito bom. Descobri numa agenda que existe dia de tudo: além dos tradicionais, existe o dia do dentista, da sogra, do fotógrafo, do cara que tira radiografia, enfim, do que você imaginar. Por causa da agenda, os garis da minha rua receberam, num certo 16 de maio, caixas de bombons acompanhadas por cartõezinhos. Nesse dia ganharam dois presentes: os bombons e a satisfação de saber que existia um dia dedicado a eles.

E, para terminar, virar “benfeitor” em ocasião de Natal é bom, mas caridade deve ser o ano todo, de preferência em silêncio e sem propagações. Afinal, milhares de pessoas estão sempre passando por necessidades, e não somente no final do ano, quando geralmente são lembradas.

A vocês, queridos leitores, um ano mais leve, mais alegre e promissor. E que em 2018 Deus nos acompanhe e nos oriente neste país tão confuso.