Leandro Cabido

Comentarista esportivo da rádio Super Notícia 91,7 FM, escreve sempre às quintas-feiras

A Argentina, a grande final e a Libertadores

Publicado em: Ter, 13/11/18 - 02h00

Buenos Aires é uma cidade realmente magnífica. Estive lá há alguns anos, a passeio, para conhecer os encantos da capital argentina. Mesmo com a crise econômica agravada na era do “kirchnerismo”, era bom ver alguns desenvolvimentos acontecendo no país. É bem verdade que o futebol se manteve forte, mesmo sofrendo assédio dos ricos europeus e até mesmo do Brasil, que ainda levava a melhor na luta financeira diante dos outros sul-americanos.

Andando pelas charmosas ruas da cidade, onde alguns lugares lembram Paris, nota-se claramente o ambiente do futebol. A Argentina respira futebol em todos os níveis. Seja em Avellaneda, com seu Racing x Independiente, ou até mesmo em Rosário, com Rosário Central x Newell’s Old Boys, ou um Gimnasia x Estudiantes, que fazem o clássico de La Plata. Simplesmente, não dá para ignorar o esporte no país patagônico.

Ter a decisão da Copa Libertadores pela primeira vez entre clubes argentinos levanta uma questão sobre onde nós, brasileiros, erramos. Mas, calma lá: será que erramos realmente? O que os argentinos pensaram quando o São Paulo encarou o Atlético-PR e Internacional em finalíssimas? Provavelmente, nada.

Em tese, vemos sempre o que acontece ao nosso lado como melhor. Para a Conmebol, nada seria mais emblemático que ter River x Boca na decisão. Por mais que toda a competição estivesse sendo manchada por decisões absurdas da entidade, promover o “superclássico” era o maior sonho possível. Porém, temos que ser firmes e lembrar que, apesar dos problemas, estamos dando alguns passos rumo ao progresso, mesmo que seja lentamente.

Voltando a Buenos Aires, há realmente um clamor entre os dois clubes. Passando pela Calle Florida, na avenida Nove de Julho, em Puerto Madero, ou em algum outro ponto turístico qualquer, tudo remete aos dois clubes e a sua enorme rivalidade. Em dado momento, parece que a Argentina realmente só possui esses dois clubes. E, de certa forma, não deixa de ser uma verdade: ambos detêm 75% da popularidade futebolística do país.

Curiosamente, o River, que hoje se abriga no bairro nobre de Belgrano, com seu majestoso Monumental de Nuñez, nasceu no bairro do Boca, na região portuária da cidade. Sim, River e Boca têm, basicamente a mesma origem.

Enquanto o fundador dos Milionários se baseou em navios escoceses que chegavam com enormes baús escritos “River Plate” – claro, em alusão ao rio da Prata, os Xeneizes escolheram azul e amarelo para carregarem seu manto de maneira também curiosa: utilizariam as cores do primeiro navio que aportasse na cidade. Sendo assim, uma embarcação sueca chegou e estava formado também o Boca como conhecemos.

A primeira final continental e o maior “clássico dos clássicos” da história contou com o drama da chuva, que adiou o duelo de sábado para domingo e teve enredo favorável ao River, que conseguiu o empate e está a uma vitória simples, no próximo dia 24, em casa. Porém, ninguém é hexacampeão por acaso. Será que o Boca deixará a oportunidade de fazer história em pleno estádio adversário? Está tudo em aberto.

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