Não dá para reclamar do Cruzeiro nesta temporada. Campeã da Copa do Brasil e incansável no Brasileirão, a Raposa aproveita-se de sua regularidade para ser líder do returno da Série A. E não fossem os pontos perdidos nas rodadas anteriores, estaríamos aqui ainda falando de possibilidades de título. E não digo apenas pelos resultados contra Coritiba e Atlético, mas também de algumas inconstâncias que aconteceram no primeiro turno. Por isso, fica clara a sensação de que a equipe poderia ter entregue ainda mais para sua torcida.
Claro que é uma situação mais do que compreensível. Fica bastante difícil motivar os jogadores e também o próprio cruzeirense após uma grande conquista. Aliás, a China Azul esteve presente em pouco número no confronto diante do Atlético-PR, deixando claro que a maioria dos fanáticos está em contagem regressiva para a virada de ano. Para o torcedor, o pentacampeonato lavou a alma, ainda mais se tratando de uma conquista tão emblemática.
No entanto, para alguns atletas, o fim do Campeonato Brasileiro tem que ser em alta. Assim, cito Ezequiel e Lucas Silva por serem os atletas que hoje atuam em um nível abaixo dos demais. Para eles, a necessidade de fazer os últimos seis jogos acima da média é mais do que crucial para se manterem nos planos. Não é segredo para ninguém que a nova diretoria do Cruzeiro busca um lateral-direito para ser titular e, no caso do volante vinculado ao Real Madrid, a concorrência dentro do plantel é muito grande.
Analisando o oposto, um dos jogadores que vêm ganhando força com Mano Menezes é o uruguaio Arrascaeta. Mesmo jogando fora de suas características – reveza a função de 'falso 9' com Thiago Neves – consegue ser cirúrgico quando tem o domínio da bola. O gol que deu a vitória sobre o Furacão mostra que todo o trabalho desenvolvido com ele está surtindo efeito. O meia vem conquistando não só o treinador azul, mas também o comandante da seleção do Uruguai, Oscar Tabárez. Ao lado das estrelas europeias Cavani e Suárez, o ex-jogador do Defensor-URU fez grandes exibições nas rodadas finais das Eliminatórias Sul-Americanas.
O Cruzeiro é uma equipe que consegue se impor à sua maneira. Não é um time que encanta, mas, taticamente, é o mais bem -treinado do futebol brasileiro atualmente. É superior inclusive a Corinthians e Grêmio, que poderão faturar os títulos mais importantes do ano.
O trabalho de Mano é sólido. Consiste em uma formação móvel no ataque – na maioria das vezes, sem o centroavante – e com suas duas linhas defensivas com quatro jogadores bem marcadas. Não ter trocado de comandante no momento mais difícil fez toda a diferença para a Raposa em relação a seus rivais nesta altura.
Para a temporada que vem, espero um time ofensivamente mais coeso, com uma diversidade de jogadas maior do que as apresentadas hoje. Se optar pelas peças corretas no mercado, terá casca e maturidade suficientes para se tornar campeão da América pela terceira vez. Parece cedo, mas o trabalho desse time é bem a longo prazo, e os resultados, pelo visto, só estão começando.
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