Leandro Cabido

Comentarista esportivo da rádio Super Notícia 91,7 FM, escreve sempre às quintas-feiras

Lições de uma Copa equilibrada

Publicado em: Ter, 17/07/18 - 03h00

A cada Copa do Mundo que se encerra, novas perspectivas e evoluções se instalam para poder servir de modelos. No último Mundial, o sistema alemão, com seus ensinamentos de programação, evolução de sua liga doméstica e também seu trabalho de longo prazo foi determinante para o tetracampeonato. Mas e a edição de 2018? E a França? O que ela nos ensinou ao levar o bicampeonato na Rússia? Antes, vamos lembrar das nossas previsões sobre o evento.

Inicialmente, era bem claro o contexto: não havia nenhuma seleção extraordinária, porém, algumas se destacavam em um nível superior: Alemanha, Brasil e também a França. No caso do primeiro, era óbvia que a manutenção de parte do grupo campeão do mundo e também que o trabalho de Joachim Löw colocaria o time no primeiro escalão para levar o pentacampeonato. Talvez, acreditou-se demais que não se precisaria de uma evolução. Queda de cara na primeira fase, assombrando o mundo.

Para os brasileiros, é fracasso quando não se alcança pelo menos a semifinal. Cair nas quartas de final para a Bélgica retrata o atual momento do nosso futebol, que mesmo com o técnico Tite tendo feito um trabalho muito interessante, não conseguiu fazer nada diferente, mesmo com o time mais equilibrado da Copa da Rússia. Erros na convocação e principalmente no ajuste de jogo foram bem claros. Porém, isso não pode ser jogado fora ou procurar culpados. Era necessário mostrar mais, mas ser eliminado de cabeça erguida mostra uma maturidade maior por parte da nossa seleção. 

Sobre Neymar, me incomoda o jeito de ele conduzir seus temores. Chorar faz parte do esforço, mas realmente era necessário diante da fraca Costa Rica? E rolar? Ainda quero entender até quando vamos tratar o astro do PSG como um “diamante a ser lapidado”. Com 26 anos e várias conquistas importantes, já chegou a hora de o menino virar um líder.

Em relação aos franceses, podemos tirar algumas lições. O fundamental é que a equipe tecnicamente e individualmente era realmente muito boa. Com isso, o fator treinador também tem seu peso. Não levar alguns jogadores, que eram tidos como fundamentais para o processo, como Rabiot e Benzema, fez parte das definições traçadas por Didier Deschamps. 

Os Bleus, inclusive, não fizeram um trabalho de longo prazo sensacional. O time caiu em casa na final da EuroCopa em 2016. A força do seu povo, traçada pela imigração, de jogadores que se completam baseados nessa mistura étnica, colocou o país novamente no topo do esporte mais importante do planeta. Fundir tanta diversidade fez da França a equipe a mais brilhante da Copa.

Tivemos também as seleções que encantaram e outras que decepcionaram. Os belgas, com seu talento absurdo, foram eliminados pela falta de experiência e de peso de sua camisa. Seus atletas foram espetaculares, jogando um futebol vistoso e muito elogiado. Os croatas, que chegaram à decisão, merecem todas as menções honrosas pelo que mostraram ao mundo. Mais uma vez foi provado que, na nova ordem do futebol mundial, não existem tantas diferenças assim. A melhor palavra para defini-lo é “equilíbrio”.

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