LOHANNA LIMA

NFL e a violência doméstica

Redação O Tempo

Por Da Redação
Publicado em 17 de agosto de 2017 | 03:00
 
 

Responsável por um grande investimento e por conquistar milhares de fãs por todo o mundo, a NFL (Liga Nacional de Futebol Americano) tenta, aos poucos, e de uma maneira ainda que controversa, controlar os casos de violência doméstica que envolvem seus atletas. Em 2014, a liga acrescentou em seus termos de política e de conduta a suspensão de seis jogos para o atleta que se envolver em atos de violência doméstica ou sexual, independentemente da condenação criminal. E, no caso de reincidência, banimento por toda a carreira.

Apesar de louvável o fato de a NFL se posicionar em relação aos casos de agressões, o grande problema ocorre quando ela decide investigar as denúncias por conta própria e determinar a punição sem um consenso com a polícia americana. Isso porque a liga é acusada, por alguns críticos das medidas, de “proteger” alguns jogadores, sem utilizar os mesmos critérios para punir os envolvidos.
Nos últimos anos, diversos casos de agressões a companheiras praticadas por atletas da NFL rodaram o mundo. Em dois anos, 18 jogadores foram acusados, porém nem todos eles foram punidos pela liga.

O primeiro caso a ganhar notoriedade nesse sentido foi o de Ray McDonald. Três dias após o anúncio da NFL sobre a política de conduta, o então jogador de defesa do 49ers, vivendo uma grande fase no torneio, foi acusado de agredir a esposa, grávida, Kendra Scott. O grande questionamento ficou pelo fato de McDonald nunca ter sido suspenso pela liga. Mais tarde, o defensor se envolveu em outros casos graves, sendo um de estupro a outra mulher e outro de abuso infantil. Atualmente, ele não joga mais na NFL, mas por iniciativa das franquias e não por punição da liga.

O caso mais recente é o de Ezekiel Elliott, do Dallas Cowboys, que na última sexta-feira recebeu a punição pela NFL, após um ano de investigações. O jogador é acusado pela ex-namorada Tiffany Thompson, que postou fotos em seu Instagram mostrando marcas da violência. Elliott já formalizou um recurso contra a decisão, uma vez que o caso ainda está sendo investigado pela polícia americana.

A pena de suspensão de seis jogos é considerada branda pelos críticos, se for avaliada a gravidade dos casos. No entanto, é preciso pensar que entidades e clubes, de qualquer outra modalidade, nem sequer se pronunciam quando surgem situações envolvendo seus atletas, o que, pelo menos, diferencia a NFL dos demais.

No Brasil, falando especificamente do futebol, vários jogadores já foram denunciados por suas companheiras por agressão, entre eles o atacante Kléber Gladiador, o meia Bernardo e, recentemente, o zagueiro Erazo. Questionados, os clubes se limitam a dizer que a situação “faz parte da vida pessoal do atleta” e os jogadores continuam trabalhando , sendo, inclusive, blindados pelas assessorias até que o tempo passe e a situação seja esquecida.

A ideia da NFL é válida, mas precisa de aperfeiçoamento e, principalmente, de coerência. No entanto, em um universo em que quase nada é feito para coibir a violência doméstica, o pouco que a NFL tenta já faz com que possamos esperar por uma luz no fim do túnel.