Lucas Gonzalez

Lucas Gonzalez é empresário graduado em direito pela Faculdade de Direito Milton Campos e pós-graduado em MBA Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas.

Lucas Gonzalez

Jovens, vocês são fortes

Publicado em: Seg, 10/08/20 - 03h00

Na próxima quarta-feira, dia 12 de agosto, comemora-se o Dia Mundial da Juventude. cerca de 1,8 bilhão de jovens celebram o vigor, a esperança e os sonhos. No Brasil, somos 50 milhões de jovens. Costumo dizer que são 50 milhões de motivos para acreditar em um Brasil melhor.

Os jovens têm uma profunda particularidade: são fortes, são intensos. De acordo com a Secretaria Nacional da Juventude, 90% dos jovens brasileiros acreditam que podem mudar o mundo. Sim, somos obstinados e não desistimos facilmente. Alguns nos tacham de utopistas, mas é na crença do quase impossível que se realiza o extraordinário. Se queremos um mundo melhor, precisamos nutrir uma fé inabalável de que tudo é possível àquele que acredita.

Esse deve ser o nosso lema. O cenário pode não nos favorecer, mas ele jamais vai selar o nosso destino. Hoje, cerca de 25% da população é composta por jovens, uma quantidade que dificilmente se repetirá. Países assim podem alavancar a economia, em razão da larga capacidade produtiva.

Infelizmente, não é esta a realidade do Brasil. Apesar de sermos muitos, estamos desperdiçados. O ingresso no mercado de trabalho é tarefa árdua. A taxa de desemprego entre jovens de 18 a 24 anos ficou em 27,1%, no primeiro trimestre de 2020, com um índice muito maior entre aqueles que não concluíram o ensino médio.

A educação também está comprometida. Quase 50% dos jovens não terminam o ensino médio, e 60% dos que concluem não dão sequência aos estudos. Em 2018, 10,9 milhões de jovens brasileiros não estudavam nem trabalhavam, deixando mofar o talento e a força que há em cada um deles. O número nos colocou entre os cinco piores países, dentre os 41 analisados pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Somos também o país da América Latina e Caribe com uma das maiores taxas de gravidez precoce. Aproximadamente 930 adolescentes e jovens dão à luz diariamente no Brasil. E 23,8% dessas meninas acabam abandonando os estudos.

A violência é real. Em 2017, dos 65,6 mil homicídios no país, mais de 35 mil foram de jovens. Taxa equivalente à do Haiti, país mais pobre da América. Em 2012, o Unicef constatou que o Brasil é o sexto país do mundo com mais homicídios entre jovens. De acordo com a Secretaria de Assuntos Estratégicos do governo federal, a cada jovem assassinado entre os 13 e 25 anos, o Brasil perde mais de meio milhão de reais.

Esse emaranhado de situações deixa os jovens do Brasil cada vez mais deprimidos e sem esperança. O suicídio é a quarta maior causa de morte entre jovens em nosso país. Entre 2015 e 2018, o SUS registrou um aumento de 115% de jovens com depressão.

Somos também os campeões em cirurgias plásticas no mundo. Os padrões quase inatingíveis de “beleza” se tornaram prioridade para os jovens brasileiros, como se o belo pudesse ser medido por uma fita métrica.

Essa conjuntura me traz a convicção de que é preciso força, muita força, para driblarmos todos esses adversários. Às vezes eles estão dentro de nós. Nós os chamamos de “medo e insegurança”. Às vezes eles estão fora e têm os nomes de “tentação e desesperança”. Seja lá de onde vêm, somos fortes para vencê-los.

A juventude divide gerações. Somos exemplo para as crianças e esperança para os idosos. Inspiração para uns, orgulho para outros. Que responsabilidade carregamos, e que privilégio temos de ser um pilar para nossa nação! Jovem, não subestime a sua força nem desacredite do seu talento. Os números acima não nos definem, apenas revelam o tamanho do nosso desafio. E, cá entre nós, quanto maior o desafio, maior é a vitória. Você é fundamental. Agora, mais que nunca, o Brasil precisa de você.

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