Lucas Gonzalez

Lucas Gonzalez é empresário graduado em direito pela Faculdade de Direito Milton Campos e pós-graduado em MBA Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas.

Opinião

O legado de 2020

Publicado em: Seg, 28/12/20 - 03h00

Que atire a primeira pedra aquele que não se assustou diante do vírus que carimbou 2020 como o ano mais difícil das últimas décadas. Em um piscar de olhos, a pandemia nos forçou a remodelar a vida. O mundo chacoalhou e, aos poucos, ganhou uma nova forma.

Se olharmos pelo retrovisor da história, veremos que as batalhas costumam marcar os recomeços. As guerras mundiais e a Grande Depressão foram assim. Definitivamente, não é a profundidade da crise que distingue o vencedor do perdedor, mas o que vem depois disso – como saímos do conflito e as lições que dele extraímos.

O cenário antes da pandemia não era dos mais animadores, mas timidamente estávamos no caminho certo. O desemprego estava reduzindo, os índices de violência também. Aprovamos a nova Previdência e avançaríamos ainda mais. Os planos foram interrompidos. Em vez de reformas de longo prazo, paramos para estancar a ferida aberta pela Covid-19. Foram muitas medidas, e estas desafiaram os grandes experts da ciência. 

Nossa missão era garantir instalações hospitalares eficientes, preservar empregos, salvar empresas; cuidar do brasileiro com respeito e dignidade. Foi desafiador pensar em soluções eficientes, em um tempo tão curto e sem espaço para errar. 

Entraremos em 2021 com uma bagagem que contém basicamente dois itens: resquícios de um ano inusitado e projetos que ficaram estacionados. O foco dependerá de nós. Podemos usar as lições da pandemia para fomentar desavenças políticas ou para reconstruir um novo Brasil.

A escolha está nas nossas mãos.

 Eu prefiro focar a reconstrução dos alicerces que sustentam o Brasil. Essas mudanças trarão o vigor necessário para nos manter firmes nas crises e nos deixar preparados para deslanchar. 

Temos ainda desafios gigantes pela frente. De acordo com relatório feito pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Brasil precisa de várias gerações para que uma família saia da pobreza. Isso demonstra que os programas criados para mitigar a miséria não estão emancipando cidadãos. Pelo contrário, o contexto em questão perpetua a dependência vitalícia do Estado pelos indivíduos. O avanço é muito tímido para a grandeza deste país.

Reformar é a solução.

O Brasil possui um pacote de medidas que podem nos projetar para uma nova realidade. Temos a capacidade de ser uma nação capaz de abrigar os sonhos de todos os brasileiros – há muito espaço para isso. Redesenhar programas e aprovar reformas são medidas indispensáveis. Um Estado grande, ao tentar abraçar tudo, não é capaz de ser satisfatório no essencial.

A reforma administrativa redirecionará verbas públicas e corrigirá regras que não fazem qualquer sentido do ponto de vista republicano. Serão, até 2034, R$ 400 bilhões poupados. 
As privatizações desafogarão o Estado e abrirão espaço para o mercado, gerando mais competitividade, emprego e renda aos brasileiros. A reforma tributária tem como fim tornar o Brasil um país mais simples para se investir e mais equilibrado em suas relações. 
Esse “pacotão” de medidas, que indiscutivelmente deve ser o cerne das votações do Congresso Nacional, colocará o Brasil novamente no eixo do crescimento. Temos tudo para ser o que sempre almejamos. 

As cicatrizes deixadas pela pandemia nos trarão sempre à memória que é possível extrair da perda a coragem para prosseguir, e da incerteza, força para reinventar. Saio de 2020 mais convicto de que as intempéries da vida não existem para nos reduzir, mas para nos forjar. Perdemos muitos entes queridos na pandemia, mas ela não venceu o Brasil.

Que sejamos capazes de escolher o que nos une e focar o que é importante para o país. Menos disputas mesquinhas e projetos demagogos. A sociedade brasileira espera de nós uma postura republicana e responsável, que pouco se importa com aplausos ou aclamações, mas que está genuinamente aliançada com um novo Brasil. Um país com oportunidades que não privilegia um ou outro, mas que valoriza o esforço, a garra e o talento dos seus cidadãos. Uma nação que da pandemia encontrou forças para renascer. 
Eu acredito neste novo tempo. Eu acredito no Brasil. 

 

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