Luiz Cabral Inacio

LUIZ CABRAL escreve na revista SuperTV às quintas-feiras. luizcabral@supernoticia.com.br

Livrai-me desses ‘animais’

Publicado em: Qui, 06/11/14 - 03h00

Sou movido a honestidade. Gosto de me alimentar de gentilezas. Bebo do mais puro cálice de amor ao próximo... Tenho esse discurso desde quando eu era pequenininho, porque fui educado dessa forma. Lembro que, sempre, meus pais faziam questão de me dizer: “Não responda aos mais velhos”, “Se o coleguinha na escola não tiver lanche, reparta com ele”, “Prometeu? Então vai ter que cumprir!”. Assim, normal seria que todos agissem dessa maneira, preocupando-se com outros, sendo polidos e responsáveis pelos seus atos, buscando não a pretensão de um mundo melhor, mas de uma convivência mais alegre, justa e sincera. Normal seria, bem dizendo!

Tem um ditado que diz: “Quanto mais eu lido com os homens, mais eu me apaixono pelo meu cachorro”. E essa frase deveria ficar gravada na primeira página da agenda, na tela de descanso do computador no trabalho, no espelho retrovisor do carro, no livro de orações noturnas, naqueles lembretes de geladeira. Só pra te lembrar.

A cada linha reta que desenha ou a cada curva sinuosa que percorre, você se depara com pessoas e “pessoas”. Na verdade, vamos falar abertamente: seriam pessoas e “animais”. Coloco entre aspas porque não dá para comparar alguns pobres bichinhos – muitos deles que sabem perfeitamente viver em sociedade – a uns e outros seres humanos. Sabe quando você assiste a um filme ou àquela inesquecível novela das nove, em que o vilão passa a perna no mocinho na maior naturalidade? E daí você pensa: “Como pode ser tão idiota? Essas coisas só acontecem em novela mesmo!”. Mas, não. Esses “animais” estão soltos na vida real mesmo. E, se você não ficar esperto, vai levar uma mordida de um ou um coice de outro hoje mesmo.

Devemos acreditar que o nosso caminho está coberto de luz. Essa esperança necessária é o nosso combustível. Mas, se você bobear, vem um sujeito animalesco, que se julga mais esperto que você, e te passa a rasteira, tira proveito, sobe no teu colo, te arranca o couro. Seja o taxista que rodou sem necessidade só para te cobrar a mais, o atendente da padaria que te passou o troco errado por querer, aquele espertinho que furou a fila na maior cara de pau, o outro que atropelou e não prestou socorro, ou até mesmo o pedreiro que combinou um serviço e sumiu no meio da obra... todos podem ser considerados os vilões da história, pois, definitivamente, não se adaptam ao roteiro imparcial e íntegro de uma vida em conjunto.

E essas atitudes acontecem naturalmente, sem nenhuma falha de postura, segundo eles, apenas o repugnante deslize de caráter, segundo o mundo todo. Porém, aquilo em que mais acredito nessa parafernália toda é a lei da ação e reação, que a gente estudou lá no colégio e faz todo o sentido na vida: tudo que bate volta; tudo que você planta você colhe; aqui se faz, aqui se paga; toda e qualquer gentileza que você prestar vai gerar mais gentileza em seu lugar. O universo é regido pela lei do retorno. Uma teoria muito fácil de entender, mas difícil de absorver. Não desejo o mal a ninguém, mesmo porque, se desejasse, dentro da base desse discurso, estaria me desejando o mal também. Então, o que me conforta é saber que estou no caminho certo. A paz em relacionamento aberto, um futuro de amor descoberto. Daria tudo por um mundo sem “animais” peçonhentos por perto.

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