Luiz Cabral Inacio

LUIZ CABRAL escreve na revista SuperTV às quintas-feiras. luizcabral@supernoticia.com.br

O bom da vida é sentir!

Publicado em: Qui, 23/07/15 - 03h00

Somos seres humanos. Temos a capacidade de viver, amar, desejar, sentir... Mas o que você me diz da ideia de poder compartilhar esse mix de sensações com outras pessoas da maneira mais íntima possível, ou seja, sentindo na pele e na mente o que elas estiverem instantaneamente sentindo? É essa a ideia dos irmãos Wachowski, os criadores de “Matrix” (1999), ao desenvolverem a melhor série que o Netflix já lançou: “Sense8”. A produção trata especificamente de oito pessoas de diferentes partes do mundo que têm esse tipo de ligação, uma conexão que se manifesta aos poucos pela troca de sons, visões e de todos os sentidos possíveis até a troca de conhecimento, habilidades e sentimento.

Assim, um inteligente policial de Chicago, uma DJ islandesa que mora em Londres, uma rica empresária de Seul que também é uma exímia lutadora, um racional ladrão de cofres em Berlim, uma romântica farmacêutica de Mumbai, na Índia, um motorista de van de Nairóbi, no Quênia, um famoso ator mexicano que esconde dos fãs um íntimo segredo e uma ativista transexual e hacker, de São Francisco, não têm nada em comum, mas acabam se conectando telepaticamente. Eles são os sensates (os chamados sensitivos), que passam a se ver e conversar como se estivessem no mesmo lugar. Enquanto tentam descobrir como e por que essa conexão aconteceu, um misterioso homem tenta ajudá-los. Em contrapartida, para dar mais ação à trama, outro estranho tenta caçá-los.

Parece confuso? Parece chato? Parece viagem demais? Não se deixe levar pelas aparências. “Sense8” é realmente difícil de explicar e mais difícil ainda de não se viciar. E por que personagens tão diferentes? Por que tão ecléticos ou carregados de diversidade? A resposta está na boca de uma personagem da trama, assim como deveria estar na mentalidade de toda a humanidade: “A máquina da evolução é a variedade. Para você ser mais do que aquilo que a evolução chama de ‘si mesmo’, você precisaria de algo diferente de si mesmo”.

E isso é o mais lindo da série. Dá gosto de ver uma produção tão bem feita e dirigida, contendo mundos tão diferentes e tratados com uma naturalidade jamais vista. O mundo dos indianos, dos coreanos, dos africanos... dos gays, dos transexuais... das drogas, dos roubos, da mentira... Ao compartilharmos essas sensações, estamos explorando nossos medos e vontades. Seria mágico poder ser um sensate e viver as emoções de outros, assim como compartilhar seus sentimentos, sejam eles felizes ou dolorosos. Em outro episódio, um dos sensates diz: “É isso que é a vida: medo, raiva, desejo, amor. Parar de sentir essas emoções, parar de querer senti-las é como sentir a morte”.

Ninguém quer sentir a morte. É por isso que os personagens lutam tanto por suas vidas, é por isso que todos nós lutamos tanto pelo pão nosso de cada dia. São muitos os motivos que me fazem viver e me alegrar. Agora, após 12 intensos episódios, são muitos mais motivos pelos quais me junto a milhões de telespectadores órfãos e que nos fazem por uma segunda temporada esperar.

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