Marcos Guiotti

Investimento em jogadores

Publicado em: Sex, 01/07/16 - 03h00

O futebol moderno se tornou sinônimo de investimento financeiro. Seja em grupo ou individual, os investidores fazem a festa, mesmo com a proibição da Fifa. Os riscos são menores do que no tradicional mercado de ativos, e o lobby passou a ser uma ferramenta estrategicamente utilizada pelos detentores do poder. Os dirigentes de clubes precisam se modernizar e se especializar em negócios. No mercado de ações, comprar ativo das empresas dá lucro, mas o risco de perda é muito grande. Comprar jogador no terceiro mundo e revender aos ávidos clubes se tornou um grande negócio. Muita gente ficou rica do dia para noite. As transações continuam a acontecer a todo momento. O problema é que os clubes não se importam muito com o prejuízo. Compram jogadores pelo nome e encostam sem se preocupar com o capital parado. O patrimônio raramente cresce, e tudo o que eles querem é resultado imediato. Muitos gostam de dizer que o jogador é patrimônio do clube, mas poucos sabem tratar este patrimônio com o devido cuidado. O dinheiro gasto para adquiri-lo, normalmente, não volta para os cofres do clube e nem para a sala de troféus. A regra é clara: Ganha jogador, ganha empresário e perde o clube. Ao torcedor, resta o sofrimento.

Lucro. Assim como as pessoas que querem aprender a investir no mercado de capital precisam passar por um curso de preparação, nossos clubes também precisam aprender a comprar o ativo do futebol. Comprar indiscriminadamente, ou pensando só com a emoção é prejuízo na certa. Jogador também precisa gerar lucro para os clubes, seja financeiro ou em alegria com as conquistas.

Gastos. Alguém já parou para imaginar a quantidade de dinheiro que foi gasto, só neste ano, em contratações no Atlético, Cruzeiro e América? Quantos jogadores não estão sendo utilizados ou não estão rendendo o esperado? Vão sair por um valor menor que vieram e não vão deixar saudade. Quanto o Atlético gastou na contratação do goleiro Lauro? E o Cruzeiro com seus gringos desastrados?

Negócio. Contratar jogador tem que ser um negócio sério. Pensado, analisado e discutido em todos os seus aspectos. Os prós e os contras precisam ser colocados em cima da mesa. O dinheiro do clube precisa ter um tratamento mais criterioso. Contratar para justificar para a torcida tem que sair de campo para dar lugar a gestão moderna.

Cartola. Os clubes precisam distinguir bem quantidade de qualidade. A qualidade até pode vir de fora, mas a quantidade tem que ser feita em casa. O planejamento no futebol tem que ser em ciclos de no mínimo cinco anos. A brincadeira do Cartola FC tem ensinado muitos torcedores sobre a arte de gerir um time de futebol. Tomara que os dirigentes do nosso futebol também tenham time no Cartola.
 

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