Domingueira

Met Ball: a festa que é um negócio da China

Redação O Tempo

Por Da Redação
Publicado em 10 de maio de 2015 | 03:00
 
 

Não, não é uma festa para chineses ou de chineses, se bem que neste ano eles compareceram em peso. O Met Ball é simplesmente a festa beneficiente mais bem-sucedida do calendário novaiorquino e, sem exageros, do universo da moda.

Sim, teve a participação de famosos; as celebridades do momento; atrizes conhecidas e as que serão reconhecidas; e os de sempre, como Calvin Klein, Donna Karan, Alexander Wang, Marc Jacobs, Jean Paul Gaultier, Madonna, Cate Hathway, entre inumerosos outros. Os casais sensação como Beyoncé e Jay Z, Kim Kardashian e Kanye West. Ambas as mulheres, pelo que pareceu, competindo com Jennifer Lopes pela roupa mais transparente do evento.

O Baile do Met – como ficou conhecido – iniciou-se em 1948 pela publicitária Eleanor Lambert e se tratava de um evento social local para conseguir subsídios para o, até então pobre, Costume Institute do Met. Sob a curadoria de Diana Vreeland, o Met Ball internacionalizou-se. Em 1996, Ms. Elizabeth Tilberis consolidou sua posição como editora de moda da revista “Haper’s Bazzar” ao anfitrionar o baile, que conseguiu a presença de Lady Diana, a eterna princesa de Gales, que foi convidada – e aceitou, participando da festa usando um vestido de John Galliano para a Dior, no ano inicial de seu contrato pela tradicional Maison. Mas, desde então, a anfitriã oficial do evento tem sido Anna Wintour, apoiada por um séquito de coanfitriões, a cada ano escolhidos dedicadamente por sua importância no mundo dos negócios, da moda, das artes, do cinema.

Celebridades, enfim, mas não apenas celebridades, e sim aquelas que negociam contratos publicitários, trazem glamour ao evento, ou até mesmo transgridem normas do bem ou do mal vestir, como foi o caso de Marc Jacobs e seu vestido chemise de renda preta usado com uma comportada cueca branca, em 2012. Ou a atual bizarrice do vestido edredom de Rihanna, um modelo em amarelo do couture designer chines Guo Pei, cuja calda ocupava toda escada do Met. Valeu até chamada de reportagem da WWW: “Será ela convidada outra vez?” E ainda Solange Knowles em um incompreensível vestido OVNI de Gilles Deacon. Há a contrapartida, saudável, moderna e atraente, como o casal George e Amal Clooney. Ele, elegante como sempre. Ela, estonteantemente moderna em um vestido vermelho da Maison Margiela. Celebridades que enlouquecem a imprensa, que são o must do momento, que divulgarão o nome do Costume Institute por muitos e muitos anos, e que hoje levantam milhões de dólares para a instituição (ano passado foram US$ 12 milhões).
Voltemos ao negócio da China que ainda não foi bem explicado. Esta é a maior exposição de moda do Met em 2015: China: trough the looking glass ou a Influência Estética Chinesa na Moda Ocidental, e nada melhor para isso que o roçar de ombros com os tycoons orientais, mesmo que esses nem sempre entendam uma palavra do que é dito. O que se pretende atrair com a festa são os contatos que podem promover a boa vontade do mercado chinês aos designers top de linha americanos e europeus. E, é claro, as milhares de páginas na “Vogue”, os cliques dos Twitts, e os outros milhares gerados pelo Google para ver os vestidos milionários de atrizes ganhadoras de Oscars ou as estranhezas que ano a ano desfilam pelo tapete vermelho.

Bem, por força do hábito eu mencionei o Google, mas esses cliques podem passar para o Yahoo se Marissa Mayer, CEO da empresa, que esteve recepcionando os convidados ao lado de Anna Wintour, aproveitar as oportunidades que procura para instituir o casamento entre o Yahoo e a Alta Moda. E também, como não poderia deixar de ser, junto às feras dos negócios esteve a atriz chinesa Gong Li e a produtora Wendi Deng Murdoch, ex-esposa do magnata e atual encarregada (entre outras tarefas similares) da aproximação da indústria de entretenimento americana com a chinesa. Só nos resta esperar e ver os negócios da China que virão por aí. As primeiras iscas já foram lançadas.

Mariana de Faria Tavares Rodrigues é mestre em moda, pesquisadora de história da moda e docente no Centro Universitário UNA.