Matheus Vieira

Coordenador regional da Amcham-BH e escreve aos sábados

A era da 'coopetição'

Publicado em: Sáb, 23/03/19 - 03h00

O mercado é formado por consumidores, trabalhadores, empresários e políticos, que viabilizam ações, já consideradas automáticas, como ir até o trabalho de carro ou apreciar um café da manhã. Ao analisarmos esses processos, percebemos que eles só são possíveis porque, por meio da colaboração, cada indivíduo contribui com uma etapa. No entanto, apesar dessa visão global e colaborativa de nossa sociedade, o mercado também impõe uma competição que, às vezes, impede que sejamos ainda mais colaborativos.

A disputa entre as empresas por mercados, por exemplo, é saudável, pois permite que cada uma, com sua expertise, diferencial e capacidade técnica, ofereça ao mercado opções variadas e que são vantajosas em relação a preço, localização e qualidade, além de propiciarem melhorias para a sociedade.

Exemplo disso é o Mining Hub, uma iniciativa de inovação aberta, desenvolvida pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) e pela aceleradora mineira Neo Ventures, que executa projetos de inovação. Essas instituições reuniram 18 mineradoras e startups para debater e encontrar soluções para os desafios comuns enfrentados pela mineração, como a gestão da água, a eficiência operacional e as fontes de energia alternativas, projeto que ocorreu de forma colaborativa.

Reforçando essa percepção, a pesquisa “Por que o Brasil precisa aprender a confiar na inovação colaborativa”, divulgada pela Accenture, mostra que as relações colaborativas são uma solução promissora, pois essa é uma realidade que está surgindo hoje e será unanimidade no futuro. Isso porque os negócios de sucesso têm sido, cada vez mais, frutos de parcerias, alianças e conexões baseadas na colaboração, superando fronteiras entre empresas e países.

Esses processos são chamados de “coopetição”, termo que une a colaboração e a competição numa proposta saudável, e podem acontecer em todas as esferas. Entre vizinhos e amigos, instituições sem fins lucrativos que realizam trabalhos sociais, até chegar à realidade das empresas, especificamente por meio de quatro públicos, que devem ser vistos como parceiros. São eles: os consumidores, que, com suas opiniões e envolvimentos com a marca, auxiliam no aprimoramento de produtos e serviços; os fornecedores, que dominam outras partes do processo e, por isso, apresentam impacto positivo nos resultados dessa inovação colaborativa; instituições que desenvolvem pesquisas e tecnologia, já que facilitam o acesso a descobertas e a fontes que auxiliam na produção de inovações; e os concorrentes, que podem se unir para, por exemplo, fomentar pesquisas básicas na área e, com isso, conseguem ganhos escalonáveis e a redução de custos de pesquisa e desenvolvimento. A partir daí, podem seguir com seus diferenciais que, como já mencionado, beneficiam o mercado.

Fazer com que esses agentes se envolvam como parceiros é um dos principais desafios desta era e uma das nossas mais ousadas estratégias. Afinal, tornar os negócios realmente alinhados com nossa realidade, por meio da colaboração, pode ser um dos legados deixados pelas organizações para o bem-estar da sociedade.

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