Matheus Vieira

Coordenador regional da Amcham-BH e escreve aos sábados

Matheus Vieira Campos

A importância do intraempreendedorismo

Publicado em: Sáb, 14/12/19 - 03h00

Foi-se o tempo em que o potencial empreendedor deveria obrigatoriamente deixar a organização em que trabalha para pôr em prática seus projetos inovadores. Atualmente, as empresas passaram a operar sob uma lógica mais moderna. Nesse contexto, os colaboradores passaram a ser estimulados a propor ideias que, muitas vezes, mudam os rumos do negócio. Esse fenômeno é conhecido como intraempreendedorismo.

Criado na década de 80 pelo empreendedor e escritor Gifford Pinchot, o conceito se refere ao empreendedorismo que acontece dentro dos limites das empresas. Trata-se de projetos inovadores que podem ir de pequenas melhorias operacionais a grandes transformações no modelo de negócios. Tudo depende da disposição em assumir riscos, oferecendo mais liberdade a seus funcionários.

O Gmail é um dos mais famosos cases de intraempreendedorismo. O e-mail mais utilizado hoje em dia foi idealizado por um engenheiro do Google que, inicialmente, tinha o objetivo de melhorar a comunicação interna na empresa. Devido à elevada capacidade de armazenamento e velocidade, a ferramenta chegou ao mercado externo e ganhou o mundo, tornando-se um dos principais produtos do Google. Essa transformação só foi possível graças a uma postura de incentivo à inovação adotada pela empresa.

O Google é considerado referência quando o assunto é fomentar o intraempreendedorismo. Além de dar liberdade aos colaboradores para buscar soluções criativas, ele promove capacitações internas para garantir que a equipe atinja seu potencial máximo. A estratégia é baseada em utilizar os funcionários, que conhecem bem o fluxo de trabalho e os desafios cotidianos da empresa, para solucionar problemas e propor caminhos alternativos para o aumento da produtividade.

E não são somente as empresas que se beneficiam do intraempreendedorismo. Para o colaborador, é uma chance de se destacar e se desenvolver enquanto profissional, sem ter que abrir mão de uma carreira estável. Além do potencial para reposicionar a firma no mercado, como o que houve com o Google após o Gmail, a implantação dessa cultura não deixa de ser uma estratégia para retenção de talentos.

Incentivar o intraempreendedorismo pode ser um atalho para a inovação, uma busca cada vez mais difundida entre as organizações modernas. Um atalho até mais rápido do que a aquisição de companhias menores ou os programas de aceleração. Além disso, essa atitude pode ser um modo de sobrevivência em longo prazo. Uma pesquisa publicada em 2017, da Amway Global Entrepreneurship Report em parceria com a Fundação Getulio Vargas, apontou que 82% dos brasileiros desejam abrir seus próprios negócios nos próximos cinco anos. Portanto, é preciso que os gestores enxerguem tal prática como um investimento. Afinal, é muito mais vantajoso ter um empreendedor interno do que mais um concorrente no mercado.

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