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Garagens vazias

Redação O Tempo

Por Carlos Eduardo Costa
Publicado em 16 de agosto de 2017 | 03:00
 
 

Um estudo mostra que 55% dos brasileiros que utilizam serviços de veículos compartilhados para se locomover questionam a necessidade de ter os próprios carros. O levantamento elaborado pela Deloitte, empresa de auditoria e consultoria empresarial em atividade em 17 países, foi intitulado O’Global Automotive Consumer Study: Future of Automotive Technologies (“Estudo global do consumidor: O futuro das tecnologias automotivas”). Ele foi realizado em 2016 pela Deloitte nos 17 países onde atua, incluindo o Brasil. Questionários online foram aplicados a mais de 20 mil consumidores – 1.260 deles eram brasileiros. O levantamento é focado em apurar hábitos, costumes e expectativas dos consumidores em relação a preferências tecnológicas incorporadas pela indústria automotiva a seus produtos. Aborda também as escolhas e tendências sobre mobilidade indicadas pelos participantes do estudo.

A tendência fica mais evidente quando considerada apenas a opinião dos mais jovens, que pertencem às chamadas gerações Y e Z: 62% deles consideram dispensável possuir um veículo no futuro. Até alguns anos atrás, os grandes marcos de passagem para a vida adulta eram a compra de um carro e o financiamento do primeiro imóvel. Faz tempo, porém, que isso deixou de ser o maior sonho dos jovens. É uma mudança cultural importante das novas gerações e pode ter um impacto muito positivo em suas vidas financeiras.

Sou de uma geração que ainda tinha na carteira de motorista e na compra do carro próprio seu maior sonho. Fiquei contando os dias para completar 18 anos e assim poder iniciar o processo de habilitação. Quando a data chegou, levei menos de um mês para ter minha habilitação em mãos. Para nossa geração, poder dirigir significava a entrada efetiva na vida adulta.

Para os jovens de hoje, isso não é mais verdade. Estudos da indústria automobilística mostraram que nos países desenvolvidos essa mudança começou a ser sentida mais fortemente na década passada. Ajudados pela boa qualidade dos transportes coletivos, os jovens mostravam cada vez menos interesse em possuir um automóvel.

No Brasil, esse movimento pode ser sentido de forma mais acentuada com a popularização dos aplicativos de táxis e carona remunerada. Eles trouxeram duas mudanças significativas: a diminuição dos preços de deslocamento e o aumento do uso da tecnologia. Mudanças extremamente comemoradas pelos jovens.

Em primeiro lugar, a diminuição do valor das corridas possibilitou que esse meio de transporte pudesse ser incorporado no orçamento mensal. E, com o uso dos aplicativos, os jovens podem cuidar de seu transporte utilizando nada além de seus aparelhos celulares.

Como os automóveis não significam mais para as novas gerações o rito de passagem para a idade adulta e nem mesmo símbolo de status, eles podem tomar decisão de ter ou não carro sob o ponto de vista financeiro. Dependendo da utilização do veículo (em poucos dias da semana ou em trajetos muito curtos), o custo de manutenção de um veículo pode ser muito mais alto que o da utilização de outros meios de transporte. O gasto com um carro começa com sua aquisição (e os valores no Brasil são estratosféricos) e passam pelas despesas com combustível, seguro, estacionamento e impostos/taxas de licenciamento. E, com isso, aumenta o número de pessoas sem carro e que se deslocam de um lado para outro, alegres e satisfeitos.

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