Open Mind Brazil

Como lidar com o feedback que está nas entrelinhas?

Conteúdo emocional não explícito do outro

Por Lúcio Júnior
Publicado em 13 de outubro de 2021 | 03:00
 
 

Como líderes, sabemos da importância de um feedback.  

O retorno sobre um resultado alcançado, uma meta não atingida, os rumos de uma negociação nos ajudam a incentivar ou orientar nossas equipes, a rever rotas, a melhorar nossa conduta como gestores. 

Há treinamento para isso. Aprendemos como dar feedback para que ele seja, de fato, produtivo. Os executivos atentos à própria carreira também aprendem a receber feedback, para usá-lo da melhor forma possível. 

Esse é o feedback consciente. 

Mas e quando não temos noção de que estamos dando ou recebendo um retorno? 

A realidade é que o feedback é tão presente no nosso dia-dia quanto o ar que respiramos. Em última análise, tudo é feedback! 

Um agradecimento. Uma recusa de convite. Chegar adiantado em um encontro. Um comentário ácido. Um sorriso largo. O feedback pode estar emaranhado nos comportamentos mais diversos e vir das mais diferentes fontes: do funcionário, do filho, do porteiro, do cônjuge... 

O problema é que não existe treinamento para dar e receber esse feedback que está nas entrelinhas. O problema é que nem sempre reconhecemos que uma atitude, nossa ou de outra pessoa, é mais que uma simples reação, é, no fundo, uma sinalização se estamos, ou estão, no caminho certo no trato com uma pessoa, assunto ou situação. 

Não bastasse essa falta de clareza sobre o que emitimos, tem a maneira como fazemos isso. Você já deve ter ouvido: “não foi o que você disse, mas como disse.” 

A verdade difícil de engolir é que, por mais que alguém reprove um feedback, isso pouco tem a ver com quem dá o feedback. 

O impacto que um feedback pode causar depende muito mais do receptor do que do emissor. 

Quer um exemplo prático? Mensagens escritas em grupos de WhatsApp. 

Lemos os textos com as lentes do nosso estado de espírito do momento. Assim, se estou inseguro com o resultado de um trabalho, um simples ‘OK’, que seria uma forma rápida e prática de concordar com algo, pode soar como um ‘concordo, mas não gostei’. 

Como lidar, então, com o conteúdo emocional não explícito do outro? 

Não dá para, simplesmente, jogar no colo do outro o que é de outro. Seria o mais maduro, mas a vida é embasada em memórias, afetos, emoções e impulsos não explicados, nem entendidos. 

Se você quer ter resultados efetivos com os seus comportamentos – que são, por natureza, feedbacks - você tem que inserir na sua conduta a empatia e responsabilidade afetiva. Empatia para inferir que as pessoas, especialmente nos dias atuais, estão travando batalhas. Responsabilidade afetiva para assumir que você vai sempre gerar uma emoção e um comportamento no outro, então que você esteja consciente sobre o que pode gerar com uma fala, um gesto, um silêncio. 

Não, feedback não é um tema fácil nem simples de destrinchar.  

Mas entender que, em síntese, as pessoas estão sempre em busca de amor e de fugir da dor, pode ajudar você a escolher palavras e tom mais leves no trato com o outro.