Lúcio Júnior - Open Mind

Ela está de volta: a ligação telefônica

Ferramenta mantém sua importância

Por Lúcio Júnior
Publicado em 15 de junho de 2022 | 03:00
 
 

Com a Covid, receber ligações telefônicas acabou se tornando uma raridade. Foi uma longa pausa, mas muito bem-vinda para muitos. Porém, agora, com os escritórios retomando as atividades e a pandemia recuando, as ligações telefônicas estão também voltando com força total.

A grande questão é que muitas pessoas ficaram mal-acostumadas, e uma simples ligação pode ser mais irritante do que deveria. Tem gente que passou a considerar um desaforo receber uma chamada telefônica!

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Sempre atuei na área comercial, e as ligações, as visitas, o “face to face” sempre foram muito importantes. Senti muito com a pandemia, e, para mim, foi muito mais difícil me adaptar à nova realidade das mensagens. Ao contrário, eram as mensagens que me deixavam desconfortáveis, e não as ligações.

Quando estou envolvido com alguma atividade do trabalho, como reuniões, ou respondendo a e-mails, analisando propostas, fico um bom tempo sem acessar o celular. Vez ou outra, resolvo dar uma olhada rápida no WhatsApp, e é muito comum me deparar com mensagens do tipo: “Você pode falar agora?” “Posso te ligar?”. E, quando percebo, a mensagem foi enviada há mais de duas horas! Ou seja, se o assunto era importante, perdemos completamente o timing.

É claro que, ao ligar para alguém, não custa nada perguntar: está ocupado? Pode falar agora? E, mesmo que a pessoa diga que pode falar, é bom ser breve e objetivo. Afinal, o celular é um meio móvel de comunicação, e é bem provável que seu interlocutor esteja na rua, ou dirigindo, numa reunião, num banco, numa consulta etc.
O mundo moderno trouxe grandes facilidades.

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Principalmente tratando-se da comunicação. Quando eu era criança, nos anos 1990, não existia celular, e eu me lembro bem que fazer uma ligação telefônica era como tentar a sorte. Se quiséssemos falar com o coleguinha fora da escola, tínhamos que torcer para na hora da ligação ele estar em casa. Se eu contar essa história para o meu filho caçula, com certeza ele vai pensar que eu sou bem mais velho do que ele imaginava!

Hoje você fala com quem quiser, de qualquer parte do mundo e em qualquer horário. Pode escolher entre uma mensagem de texto, uma ligação, uma chamada de vídeo, um e-mail, enfim, são muitas as possibilidades. Eu acho isso incrível! Mas não descarto a boa e velha ligação telefônica nem me incomodo em receber, principalmente em tratativas de trabalho. Eu só deixo de atender uma ligação se realmente estiver ocupado e não acredito que seja necessário enviar uma mensagem de texto para alguém perguntando se posso ligar. Isso não faz o menor sentido para mim.

Dizem que entre os millennials e a geração Z o telefone não está com nada. Eles nunca atendem uma ligação! Já a minha geração foi a primeira a usar o celular como ferramenta de trabalho, talvez por isso eu tenha essa boa relação com as ligações telefônicas. Para mim, é bem simples: se estou trabalhando e com o celular, entendo que a ligação é uma demanda e que precisa ser resolvida, e, se preciso muito falar com alguém, com toda certeza não será por mensagem de texto ou e-mail.

Lúcio Júnior é CEO da Open Mind Brazil