Lúcio Júnior

O executivo e a gestão de crises pessoais

Conseguimos empregar a mesma competência?

Por Lúcio Júnior
Publicado em 07 de setembro de 2021 | 03:00
 
 

Falta de chuva, risco de apagão, queda do PIB, alta recorde dos preços, pandemia... Vai longe a lista das crises que um executivo tem que administrar todo dia. Isso sem falar nas crises dentro da própria empresa. Mas, como adoram dizer, somos pagos para isso.

Sim, trabalhamos, também, para reverter as fases ruins. Seja para diminuir seus impactos, seja para virar o jogo e transformar em oportunidade algo que poderia afundar um negócio.

Aliás, histórias de administração de crises são fundamentais no currículo de líderes. São elas que ajudam a forjar uma carreira bem-sucedida.
A busca por qualificação, por informações e a experiência no dia a dia acabam nos deixando cada vez mais aptos a lidar com a crise seguinte, como em um jogo de videogame, em que os desafios só aumentam.

Mas será que conseguimos usar essa competência para também administrar as crises pessoais? Será que temos a mesma desenvoltura como executivos para gerir os períodos ruins no casamento, no relacionamento com nossos filhos? Será que conseguimos adotar a mesma estratégia que adotamos dentro da empresa para lidar com as nossas inseguranças e perdas?

Cada crise tem suas particularidades, mas, basicamente, uma crise é uma quebra de um modelo, de uma rotina. A origem da palavra crise resume bem o que quero dizer. Do grego “krisis”: separação, depuração, ruptura com o estado anterior. O novo rumo pode ser de melhora ou piora.

Como executivo, quando assumo a gestão de uma crise, meu primeiro passo é procurar entender o cenário. Para isso, é preciso calma, diálogo franco e respeitoso com os envolvidos e informação de qualidade.
Dentro de casa, procuro adotar esse mesmo modelo básico.
Claro que o processo nem sempre é tranquilo. Ele tem altos e baixos. Avanços e retrocessos.

Por isso, algumas premissas devem ser consideradas.

Nem todos os envolvidos na crise estão no mesmo nível de experiência de vida para lidar de igual para igual com um momento de turbulência. A gestão de uma crise com a minha esposa, por exemplo, é completamente diferente da crise que gerimos com nossos filhos. Sabemos que com eles, dependendo da situação, funciona muito mais o estabelecimento de regras e limites do que uma negociação.

Outra consideração fundamental, toda administração de uma crise pessoal é pautada por muita emoção e sabemos que a emoção nem sempre nos leva a tomar a melhor decisão.

Diante desse cenário, a gestão de uma crise em casa pode ser mais delicada e desgastante que uma crise nos negócios.

Minha sugestão quando nos deparamos com uma crise, especialmente as pessoais, é usar todos os recursos que temos, além de buscar os que não temos, para resolvê-la. Que tal adotar um dos lemas da família Schurmann, que, inclusive, participa de uma live promovida hoje pelo Open Mind Brazil: “Quando avistamos uma tempestade, não ficamos gritando ‘tempestade, tempestade’, fazemos o que tem que ser feito para enfrentá-la”.