Open Mind Brazil

O Open Mind Brazil é uma plataforma de networking entre grandes nomes do mercado corporativo, esportivo e cultural. Promove a interação através de eventos presenciais e virtuais, conectando executivos em diferentes regiões do Brasil e do mundo.

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Você é ou está executivo?

Publicado em: Qua, 22/09/21 - 03h00

Temos sonhos, planos, metas. Nossos objetivos são fundamentais para pautar o presente. Fazem-nos ter foco para terminar a qualificação, força para persistir no desafio, para cuidar da saúde e dos relacionamentos.

Mas nada é garantia de nada.

Nada garante que, mesmo com meu empenho, eu alcance o que me propus, da forma que me propus, pelo tempo que planejei, simplesmente porque o desenrolar da vida não depende só de mim. Os acontecimentos não são determinados só pelas minhas ações.

Uma decisão do cônjuge, o comportamento de um filho, uma crise econômica, um desastre natural, um acidente podem mudar o rumo da nossa história.

Mesmo com contrato assinado, nada é garantia de nada. Aliás, contrato existe para ressarcir a parte que sofreu com a quebra de um acordo.

E o que isso tem a ver com a vida de um executivo? Tenho cargo de diretor hoje. Mas continuarei tendo, ou melhor, até quando terei? Até quando você continuará no cargo em que está, na empresa em que está, que terá o poder que tem? E se você perdesse a posição de C-level agora? Você está preparado para esse cenário?

Dizem que o plantio é opcional, mas a colheita é obrigatória. Se plantei café, vou colher café.

Esta é a tendência. Mas o clima, uma praga, uma decisão política podem acabar com o lucro da safra ou até mesmo com toda a colheita.

É no campo que me inspiro para lidar com as variáveis que não domino. No caso do agronegócio, o mercado futuro oferece mecanismos para garantir o preço de uma commodity que ainda será colhida, aconteça o que acontecer.

É o chamado “hedge” – ou proteção contra prejuízo.

Sabemos, claro, que não existe risco zero de perdas. Mas há toda uma engenharia no mercado financeiro, com combinação de estratégias, para reduzir esse risco no menor nível possível. Tomei o exemplo só para ilustrar. O foco aqui é mostrar como essa noção de hedge pode pautar a carreira do executivo.

Investir em um negócio, ter um networking que te abra as portas como consultor, ter qualificação para ser um conselheiro são estratégias para reduzir os prejuízos com um redirecionamento não esperado na carreira.

Mas há algo ainda mais “simples” que pode ajudar a reduzir o impacto de perder uma posição, é o reposicionamento de discurso.

Eu ESTOU executivo, não SOU um.

Adotar isso, mesmo que apenas internamente, me leva a um caminho que não me deixa estacionar. Interessante é que essa fala interna poderia gerar ansiedade, mas o uso adequado dos verbos “ser” e “estar” me fortalece, me faz olhar para dentro e me conhecer.

É claro que uma posição de poder é interessante, e faz todo sentido trabalhar para ocupar uma e manter-se nela, especialmente para quem tem a ambição de melhorar o mundo.

Mas perceber que estou executivo – e não sou um – afasta a tentação de acreditar que sou insubstituível, que um cargo me pertence e me define. Isso faz de mim um profissional mais consciente. No fim do dia, isso me torna uma pessoa melhor.

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