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Você encerra ou destrói ciclos?

Publicado em: Qua, 27/04/22 - 03h00

Aprendemos a começar ciclos, mas não nos é ensinado como encerrá-los. Crescemos em um mundo que rechaça o movimento. O nascer é positivo. O morrer é negativo.

O esforço, aliás, é para estancar o fluxo. Tudo em nome da tal estabilidade. Queremos mesmo estabilidade ou somos apegados ao que é conhecido? Ainda são poucos os desbravadores, infelizmente...

A ironia é que, por temor à mudança, muitas vezes, vivemos como não queremos. Aceitamos um casamento em que não há mais amor, ficamos em relacionamentos tóxicos, em trabalhos medíocres, nutrimos amizades vazias. Aprendemos desde pequenos a entrar. Mas não sabemos como sair.

Como fazermos para deixar algo para trás sem, necessariamente, romper? Me peguei pensando nisso nessa semana que passou, a última como diretor em uma das maiores empresas de logística do país.

Minha despedida foi difícil, porque trabalhar na empresa era empolgante e recompensador, mas foi leve, porque sai, como se diz, deixando as portas abertas. Penso que não fechei portas porque encerrei um ciclo, não destruí esse ciclo.

Encerramos ciclos quando entendemos que entregamos e recebemos tudo o que poderíamos em uma situação. O que muita gente não percebe é que os finais são uma construção, assim como os inícios.

Terminar bem é tão importante quanto começar bem. E só encerramos um ciclo com chave de ouro quando construímos esse fim.

Minha saída da empresa foi uma transição. Não deixei, simplesmente, meu posto, embora já tivesse data para começar no novo lugar. Foi um processo com tempo hábil para passar informações e para que a empresa administrasse as mudanças.

Pensando aqui, encerramos bem os ciclos quando entendemos sobre nossos limites e nossos anseios. Quando aceitamos o fim.

Eu sou o que sou até aqui, passando disso não gosto de ser o que terei que ser e vocês não vão gostar de mim. Se sigo em uma situação que já “deu o que tinha que dar”, a tendência é que os ciclos sejam destruídos por uma das partes.

Filosofia a parte, na prática, encerrar ciclo é saber quando promover a mudança. É mudar antes que a vida o faça. É não esperar que a gente fique mal demais. É não esperar que o tempo acerte as coisas por si só.

Poderia ter ainda mais tempo de parceria com a empresa que deixei? Sim! Mas faço essa análise a partir da realidade de hoje. Queira eu ou não, o convite para assumir um novo desafio já havia me mudado. Poderia ter recusado se o balanço dos prós e contras assim sugerisse. Mas não encerrar o ciclo em nome de um medo da mudança, poderia, no futuro, levar à um rompimento, e esse risco eu não queria correr.

Esses últimos dias me ensinaram a abraçar a mudança. Entendi que se quero algum tipo de estabilidade, que seja a emocional para que eu possa dançar com os passos da vida.

É preciso construir finais para edificar começos. Se essa construção ocorre, é provável que o final seja feliz para todos os envolvidos.

E você, está construindo os fins necessários e inevitáveis?

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