Paula Pimenta

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opinião

Escola de princesas

Publicado em: Sáb, 14/09/13 - 03h00

No livro “O Diário da Princesa”, da autora Meg Cabot, que já foi até adaptado para o cinema, Mia Thermopolis é uma garota normal que um dia descobre que é uma princesa, a única herdeira do trono de Genóvia, um principado fictício da Europa. O problema é que ela não sabe nada sobre as maneiras e costumes da corte. Então sua avó desembarca nos Estados Unidos com o único intuito de dar aulas para a neta, para transformá-la de uma menina comum em uma verdadeira princesinha.

Outro livro também já falou sobre o tema: “Academia de Princesas”, de Shannon Hale. Nele, Miri é uma garota de 14 anos que leva uma vida normal em um povoado distante, até que um anúncio chega para modificar a vida de todos: o príncipe está buscando uma moça para ser sua noiva, e todas as meninas do reino deverão ser levadas para uma academia de princesas, para que aprendam como se portar, até que o príncipe faça a sua escolha.

Os dois livros têm em comum o fato de que as mocinhas em questão não pediram para ser princesas e nem mesmo tinham esse desejo, até serem obrigadas a isso. Porém, na vida real, parece que não é bem assim que acontece. A magia das princesas ainda seduz muita gente, o encanto da Disney, que acompanha a maioria das garotas desde cedo, comove e faz com que toda menina sonhe em se tornar uma princesa.

Prova disso é uma empreitada que está se mostrando muito promissora. Em Uberlândia, no começo deste ano, foi inaugurada uma “Escola de Princesas”. Desde então, mais de 500 alunas já passaram pelo local e atualmente existe uma grande fila de espera, pois a escola está lotada. Uma filial em Belo Horizonte inclusive está nos planos da proprietária.

Durante as aulas, as alunas aprendem culinária, primeiros socorros, orçamento doméstico, como arrumar o quarto e o guarda-roupa, fazer malas, costurar, preparar mesas para jantares com convidados, entre outros.

Eu adoro tudo que diz respeito a princesas. Coleciono filmes da Disney, amo a história da Sissi, li centenas de romances da Barbara Cartland e não perco uma notícia sobre as princesas contemporâneas. E por isso mesmo, me considero meio especialista no assunto. Assim, estranhei um pouco as aulas dadas nessa escola, mais parecida com uma “Escola de Donas de Casa” do que de princesas em si. Porque, pelo que sei, as princesas de verdade passam bem longe disso tudo. Sempre aprendi que elas possuem criadas para fazer (e desfazer – a parte mais chata!) as malas, que mal se aproximam da cozinha, e que seu maior objetivo, assim como o das misses, é promover a paz mundial. Entre as atividades de uma princesa estão: Ser diplomata, falar várias línguas, participar da política do país. Mais do que isso, as princesas atuais, a exemplo de Diana Spencer e Kate Middleton, são verdadeiras ativistas sociais. A primeira, em sua curta vida, foi admirada por todo o trabalho de caridade que fez, por seu envolvimento no combate à AIDS e na campanha internacional contra as minas terrestres. E Kate inclusive conheceu William na faculdade e só se casou depois de se formar.

Talvez por isso tanta gente tenha torcido o nariz para a tal escola. No Facebook criaram inclusive uma página chamada “Escola de Ogras”, que diz que a tal escola prega valores machistas e sexistas. Vários psicólogos e psicanalistas também criticaram o projeto, dizendo ser uma estratégia de marketing perniciosa, já que usa o imaginário infantil pra vender um produto.

Da minha parte, acho que mal não vai fazer. Aprender a costurar, cozinhar e se portar na mesa é válido para qualquer pessoa. Só acho que deviam criar também uma “Escola de Príncipes” e dar os mesmos cursos para eles. Afinal, no mundo de hoje, homens e mulheres cada vez mais dividem as tarefas. E aposto que as princesas modernas adorariam encontrar o jantar pronto e a casa arrumada depois de passarem o dia inteiro matando os dragões que temos de enfrentar no nosso dia a dia atualmente... Aí sim, os sapos se tornariam príncipes de verdade, para conto de fada nenhum botar defeito!

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