PAULA PIMENTA

Para curar o coração

Redação O Tempo

Por Da Redação
Publicado em 11 de janeiro de 2014 | 03:00
 
 
acir galvão

“Se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi...”
(Roberto Carlos)

Muitas passagens de minhas histórias foram inspiradas em minha própria vida, especialmente em acontecimentos que vivi na época do colégio. Por isso mesmo, antes de publicar meu primeiro livro, eu imaginava que minhas amigas é que iriam gostar dele, recordando aquela nossa fase.

Mas foi com muita surpresa que percebi que as coisas não mudaram tanto assim daquela época para cá. Pela quantidade de recados que recebo de adolescentes dizendo que eu “copiei” a vida deles e coloquei nos meus livros, acabei percebendo que a adolescência é igual em qualquer geração, o que muda é a moda e a trilha sonora... Os sentimentos são os mesmos. As meninas e os meninos de agora são mais ou menos como eu era. A adolescência é a mesma em qualquer geração.

Pelo menos isso era o que eu achava... Até que, poucas semanas atrás, tive a chance de acompanhar a conversa de algumas de minhas leitoras. Elas têm entre 12 e 16 anos e estavam em um grupo no Facebook, discutindo sobre paixões. A princípio, pensei que seria um assunto leve, mas tive a maior surpresa ao observar o teor do bate-papo. As meninas estavam completamente desiludidas por já terem sofrido algumas decepções amorosas, e, por essa razão, diziam coisas como: “O negócio é pegar e não se apegar. Não se envolva. Fique com o garoto mais gato da festa, aproveite a noite, e tchau”.

Fiquei meio assustada, porque, na idade delas, eu vivia sonhando acordada, era completamente apaixonada e achava que todos os amores tinham finais felizes. Não queria ficar com qualquer um, apenas por ficar, eu só tinha olhos para aquele que fazia meu coração bater mais forte, mesmo que ele nem soubesse da minha existência... Mas as palavras delas não pareciam vir de mocinhas em fase colegial, e sim de mulheres maduras, amargas, com vivência de sobra.

Normalmente eu só observo essas conversas, pois gosto de saber o que os adolescentes de hoje estão fazendo, vestindo, ouvindo, curtindo, para que meus personagens entrem em sintonia com eles. Só que acabei tendo que opinar. Contei pra elas que meu coração também já foi partido. Não uma, mas inúmeras vezes... E foi por isso que descobri que corações se recuperam o quanto for necessário. Eu tive várias e grandes paixões, a maioria seguida de uma igualmente grande desilusão, mas não abriria mão delas, aprendi muito com cada uma, elas foram responsáveis por fazer de mim a pessoa que eu sou hoje. Elas me fizeram crescer.

Não se apegar apenas traz mais e mais desilusão. Ficar com alguém só pra descontar o vazio que um outro deixou, só vai aumentar ainda mais o tamanho do buraco no peito. Tem que se apegar, sim. Tem que criar laços, ficar dependente daquele amor, se apaixonar totalmente, mesmo que isso signifique quebrar a cara outra vez. Outras vezes. Porque uma hora um amor dá certo e aí a gente vê que as desilusões valeram a pena. São elas que nos preparam, que fazem com que a gente perceba a diferença e reconheça quando alguém chega pra ficar.

Então, para minhas leitoras do tal bate-papo e para quem estiver na fase teen, só tenho algo a dizer: para curar o coração, só com outra paixão. Por isso, apaixonem-se milhares de vezes. Sintam tudo ao máximo. Sofrer e chorar faz parte, é isso que faz as paixões serem tão intensas. Esse nó no peito e vontade de abraçar o mundo ao mesmo tempo, a sensação de andar flutuando e sentir o coração batendo a mil por hora é algo que não passa com os anos, mas vai ficando cada vez mais raro... Então, aproveite o máximo possível agora. Não fique traumatizada porque você deu seu coração para alguém e ele jogou fora. Pegue de volta e dê para outra pessoa, faça isso quantas vezes forem necessárias, porque só se envolvendo, só vivendo cada amor plenamente, só se apegando, você vai realmente viver. Ter emoções fortes. E histórias pra contar...