PAULA PIMENTA

Síndrome de Garfield

Redação O Tempo

Por Da Redação
Publicado em 13 de setembro de 2014 | 03:00
 
 
acir galvão

Garfield, o famoso personagem de Jim Davis, atrai a simpatia e a identificação de várias pessoas por um simples fator: ele tem a personalidade um pouco humana. Adora TV, morre de preguiça e o único músculo que realmente gosta de exercitar é o do maxilar: ele não resiste a uma lasanha!
Claro que existem pessoas que não chegam nem perto de um aparelho de televisão, outras que acordam bem-dispostas em qualquer dia da semana e ainda algumas que fazem ginástica várias horas por dia e se divertem pra valer com isso... Mas estou me referindo às pessoas “normais”, aquelas que trocariam de bom grado uma hora na academia para assistir a um filme com direito a pipoca doce e refrigerante.

Mas o que caracteriza mesmo o Garfield é a sua aversão por segundas-feiras. Quer maior semelhança com a raça humana? A maioria das pessoas sente uma pontadinha de desânimo ao escutar a vinheta do “Fantástico” no domingo à noite. Ela é o sinal de que a folga acabou e que em poucas horas a rotina semanal recomeçará. E quando o despertador toca na manhã de segunda é sempre aquele suplício: barganha com o relógio para dormir mais três minutinhos, vontade de que o mundo se acabe naquele momento, raiva de quem inventou o trabalho... Cada um tem a sua maneira própria de enfrentar a situação. Eu levanto meio no piloto automático. Faço o que tenho que fazer sem me dar conta disso e lá pela hora do almoço é que percebo que a semana realmente já começou.

Dizem que essa síndrome acontece porque a pessoa não está satisfeita no trabalho e não tem motivação para levantar. Papo furado! Não tem ninguém mais satisfeito com o próprio trabalho do que eu. E, mesmo assim, não tem jeito: acordo revoltadíssima. Na verdade, tenho uma confissão a fazer... Essa revolta matinal não é só na segunda-feira, mas em qualquer dia que eu tenha que acordar com hora marcada. Eu abomino as manhãs, mas isso é bem mais do que uma “simples” síndrome de Garfield, isso é um erro da natureza que me fez nascer mulher em vez de coruja. Eu amo as madrugadas! Por mim, ficaria escrevendo até umas 5h da manhã e dormiria só perto do horário de o sol nascer. Mas infelizmente vivemos em um mundo em que a maioria das pessoas tem hábitos diurnos. E logo cedo começa o telefone, o interfone, os e-mails urgentes... Então tenho que me adaptar e com isso acabo dormindo bem menos que as pessoas “normais”, aquelas que, ao ligarem pra minha casa às 9h e escutarem que eu ainda estou dormindo, pensam: “Que preguiçosa!”. Sem nem imaginar que fui dormir às 4h na noite anterior. Ou seja, tive bem menos horas de sono que elas, que se deitaram às 22h e acordaram às 6h.

Mas, voltando ao tema principal, o lado bom de ser um pouco Garfield é o valor que nós damos para o fim de semana. Só quem odeia verdadeiramente as segundas sabe a importância que as sextas têm.

Na realidade, depois que a segunda passa, até que a semana não é tão ruim assim... Por isso, acho que a solução para essa síndrome seria incorporar a segunda ao fim de semana. Garanto que a aversão sumiria no ato! Nada mais justo: quatro dias para trabalhar e três pra descansar. E olha que o descanso ainda sairia em desvantagem...

Como sei que isso é impossível, continuemos a brincar de Garfield, escondendo debaixo do cobertor até não poder mais. E para compensar o sacrifício da segunda, a solução é aproveitar bem os sábados... Acordando tarde, fazendo só o que der vontade e com direito a muita lasanha!