Paulo Cesar de Oliveira

O jornalista e empresário escreve na terça-feira

2018 já está sendo jogado

Publicado em: Ter, 15/08/17 - 03h00

O calendário gregoriano insiste em se mostrar no mês de agosto de 2017. Mas, no calendário político, já estamos vivendo em algum mês do primeiro semestre de 2018. Basta ver o comportamento e o discurso de quem pretende ser candidato – dependendo de algumas variáveis, inclusive (ou talvez principalmente) a judicial – para ter certeza de que a campanha já começou. E com uma agressividade como há muito não se via.

Agressividade na fala, seja como forma de acusar adversários, seja como forma de se defender de acusações de malfeitos. Agressividade nas ações, como na desesperada busca por recursos para as campanhas, em que se vai transformando a tão falada reforma política, com a tentativa de viabilizar um assalto aos cofres públicos para dele tirar bilhões e criar um fundão em nome da defesa da democracia.

Observem que, no âmbito da disputa legislativa, os parlamentares não se importam em travar o país e negam-se – ou ameaçam – a votar matérias importantes caso não tenham alguma compensação, seja liberação de emendas ou entrega de cargos no governo para aliados. Todos, indiscriminadamente, agem de olho na disputa do ano que vem.

Mas é na disputa pelo Executivo que se vê maior agressividade nas falas. É a busca para se mostrar diferente para o eleitor, que, vão mostrando as pesquisas, anda cansado da política e dos políticos atuais, tentando encontrar algo que se possa dizer novo, filme a que o país já assistiu na eleição de Collor.

Quando está nesse estado de ânimo, o eleitor tende mais a acreditar – e como cai em lábia de valentões – do que pensar. Já não somos mesmo um povo que prima pela lógica em decisões políticas, mas ficamos ainda menos racionais nos momentos de dificuldades. Adoramos acreditar em salvadores da pátria, gente de soluções fáceis. O risco de seguirmos a mesma cartilha é enorme. Se nada mudar até o 2018 de verdade, podem apostar, vamos colocar um novo ou um velho salvador da pátria. Amamos um “paisão”.

Nos Estados não se vê a mesma intensidade. Ao contrário, parece mesmo haver uma apatia nos maiores partidos, que não se animam a escancarar a disputa interna para a escolha de seus candidatos, acuados, certamente, pelo fato de suas principais lideranças nacionais estarem envolvidas até o pescoço nos escândalos que não param de surgir.

Na maioria dos Estados, faltam nomes aos partidos maiores, e os que desejam lançar-se candidatos, inclusive à reeleição, agem com prudência, na certeza de que, ao colocarem a “cara na janela”, serão apedrejados com denúncias falsas ou verdadeiras.

Até aqui são os partidos menores, ou legendas que vão estrear nas urnas no ano que vem, que estão tendo a coragem – ou seria ousadia? – de deflagrar o processo, seja com nome novo, seja já com alguma rodagem, mas sem máculas – pelo menos conhecidas. Mas, de qualquer maneira, o jogo está sendo jogado. Também nos Estados, 2018 já começou. De forma mais tímida, é verdade.

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