PAULO CESAR DE OLIVEIRA

A hora é de profissionais

Os sinais de agravamento da crise

Por Da Redação
Publicado em 21 de maio de 2019 | 03:00
 
 

Repetindo Tancredo, a hora é de profissionais. E é mesmo. Não é mais possível o país continuar sendo governado com amadorismo, com pessoas que podem ter conhecimento e competência em suas áreas de atuação, mas que não entendem absolutamente nada do setor público. Que não saibam se comportar politicamente, que nem sequer conheçam o elementar de que, na iniciativa privada, o gestor pode fazer tudo aquilo que a lei não proíbe, e na administração pública só é possível fazer aquilo que a lei expressamente permite.

Estamos assistindo a um triste espetáculo de autoritarismo e voluntariedade que já nos coloca em posição de alerta. Atingimos, em muito pouco tempo, o limite do erro permitido aos neófitos – incluindo-se aí os parlamentares. Daqui para a frente, o risco de descontrole é real. Do presidente e dos governadores – vamos incluir também prefeitos –, o que se exige é que tenham coerência e capacidade de liderança. Não se pode exigir que dominem, em detalhes, todos os aspectos da administração pública, embora o conhecimento pelo menos superficial seja recomendável. Mas qual o quê, o que se vê é a arrogância de muitos de nossos governantes, que pensam tudo poder. Falam muito e não agem nada. É preciso que se conscientizem de que a sabedoria do político não está em fazer. Não está em subir em helicópteros e dar tiros. Não está em bater boca pelas redes sociais ou mandar realizar cortes sem medir consequências. O líder é aquele que sabe escolher e montar sua equipe. Que sabe cobrar de seus auxiliares sem deixar de dar-lhes sustentação política em seus atos. Escolher mal e demitir quando surgem os problemas da má escolha é fácil. Mais do que isso, é irresponsabilidade. Bolsonaro e alguns governadores estão diante de uma séria ameaça. Em vez de criarem o novo Brasil, podem afundar ainda mais o país. Os sinais desse risco estão aí, com a volta da recessão, o aumento do desemprego, o aumento (ainda discreto) da inflação e das manifestações da sociedade. É de mudança de posturas. De pararem de brincar de Deus. Tentem ser simplesmente políticos sérios. Aprendam a ouvir. Tentem liderar sem querer impor soluções que não conhecem. Deixem de governar pelas redes sociais. Ouçam. Todos têm duas orelhas e uma boca. Ouçam mais, falem menos. Enfim, não atrapalhem.

Não atrapalhar é o primeiro passo para liderar. E não atrapalhar, saibam, não é tão fácil assim. Além de controlar seus próprios impulsos, é necessário que controlem os dos seus, mesmo que sejam “sangue do próprio sangue” ou pretensos responsáveis pela vitória na eleição. Afastar-se desses é o básico. Desde sempre se sabe que não se governa com os exaltados. Governa-se com os competentes e leais. Para o país, é fundamental que Bolsonaro e vários governadores entendam que o papel do líder é colocar ordem na casa. Sem alardes. Os incendiários de sempre já começam a falar em impeachment. É preciso acabar com essa crise que não interessa a ninguém de bom senso.