Paulo César de Oliveira

A pandemia não para

Problemas econômicos, políticos e de saúde

Por Da Redação
Publicado em 06 de abril de 2021 | 03:00
 
 

Estamos nos aproximando das 350 mil mortes, com milhões de brasileiros infectados pelo coronavírus, e continuamos praticamente na mesma: sem uma unidade no processo de enfrentamentos da crise e sem alguém com liderança e responsabilidade para conduzir o processo.

O novo ministro da Saúde, o cardiologista Marcelo Queiroga, mudou totalmente a condução do Ministério da Saúde e tem dito ao povo ser importante o distanciamento social, o uso de máscaras e de álcool em gel como prevenção para evitar o contágio da Covid-19. Mas ainda não foi capaz de mudar o inexplicável comportamento do presidente Bolsonaro, que insiste em contrariar as recomendações técnicas, desafiando a ciência e até o bom senso.

Os presidentes do Senado e da Câmara Federal têm feito o possível para racionalizar e dar unidade aos protocolos de enfrentamento à pandemia, mas falta o apoio do presidente da República.

É absolutamente incompreensível e injustificado esse comportamento do presidente, que venceu as eleições com um discurso de crítica aos políticos e, no Poder, age exatamente como os alvos de suas críticas, comportamento agravado com sua postura autoritária e de ameaças à democracia.

Bolsonaro, desde que assumiu o mandato, só pensa na reeleição em 2022, mas vem perdendo apoios que foram fundamentais na disputa de 2018, como de renomados economistas e empresários que apostaram na sua capacidade de mudar o Estado brasileiro. Na expectativa dessa mudança, apostaram alto no candidato que lhes prometia um Estado menor e mais liberdade para investir e lucrar. Até aqui a aposta se mostrou errada.

O governo não conseguiu avançar nas mudanças que prometia. O ministro Paulo Guedes não mostrou a que veio, e a crise econômica do país só aumenta. O ministro vai aos poucos perdendo espaço político e apoio dos que por interesse próprio, mais que do pela preocupação com o desenvolvimento nacional, defendiam suas propostas.

Dirão alguns que o governo teve seus planos atropelados pela crise na saúde. Para outros, a pandemia, por um lado, prejudicou, sim, mas, por outro, está servindo para encobrir a incompetência de um governo que venceu uma disputa sobre um adversário desmoralizado e que nunca teve um projeto para o país. Se tivesse, não teria montado um ministério com tantas nulidades, nem o presidente teria que gerar tantas crises para esconder o fracasso. Bolsonaro começa agora a correr o risco de perder o chão onde pisa.

O prestígio que lhe resta nas camadas mais simples da população vai começar a se esvair a partir de hoje, quando o governo começa a pagar o chamado auxílio emergencial, uma ajuda aos que perderam renda com a pandemia, ficando sem condições mínimas de sobrevivência.

Em 2020, o esquema funcionou, e Bolsonaro conquistou – ou comprou – apoios com o pagamento de quatro parcelas de R$ 600. Neste ano, o auxílio, que começa a ser pago hoje, será bem menor, variando entre R$ 150 e R$ 375 a parcela. Valores que, certamente, serão insuficientes para manter o apoio popular ao presidente que se esvazia politicamente.