Paulo Cesar de Oliveira

O jornalista e empresário escreve na terça-feira

Indefinição é grande

Publicado em: Ter, 14/08/18 - 03h00

Estamos a menos de dois meses das eleições, e confesso que, desde que comecei a acompanhar os pleitos – há mais de 50 anos –, nunca havia visto uma indefinição tão grande. Agora começo a sentir reação dos candidatos Alvaro Dias e Geraldo Alckmin, com certeza os melhores na disputa, até mesmo por suas experiências como governadores. No debate da Band sobressaiu um candidato sem chances e sem consistência, ressalte-se, Guilherme Boulos, que marcou presença ao dizer que é preciso acabar com a “esculhambação” neste país, olhando para seus colegas de bancada. O Cabo Daciolo, do partido Patriota, mostrou que não sabe de nada e que nem deveria participar dos debates, ao fazer uma pergunta para Ciro Gomes sem qualquer conteúdo, inexplicável mesmo. Ciro se aproveitou do raciocínio confuso do adversário para acabar com ele.

Henrique Meirelles, de quem se esperava melhor atuação – até por ser, sem dúvida, o mais bem-preparado tecnicamente –, apresentou desempenho pífio, e espera-se que se recupere, pois é um bom candidato. De Marina, o que falar? Nada, infelizmente nada. Continua com um discurso vazio, tanto quanto o de Ciro, com a diferença de que o candidato do PDT é mais vibrante e falastrão.

Foi apenas o primeiro debate, pode-se alegar, mas os eleitores devem começar a ficar mais atentos em quem votar, não só para a Presidência da República, mas também para deputados federais e estaduais e senador. Se não melhorarmos o nível do Legislativo, seja quem for o presidente eleito, as situações política, econômica e social tendem a se agravar, e, então, caminharemos mais rapidamente para uma ruptura. Quando falamos em melhorar a representação popular, estamos defendendo o voto em candidatos realmente comprometidos com as reformas necessárias ao país. Gente com coragem de votar naquilo que é necessário mudar, sem discursos demagógicos. 

Quem precisa assumir a vanguarda da discussão sobre mudanças são os candidatos a presidente. As propostas terão que partir do eleito, e logo nos primeiros meses de mandato. Até aqui todos têm tangenciado o assunto. A reforma política, por exemplo, chamada de “mãe de todas as reformas”, tem sido assunto apenas de Alckmin. Sobre reformas, é bom que nos conscientizemos: elas não devem nem podem ser tema das campanhas no plano federal. 

Precisamos repensar o Estado como um todo, nos três níveis de Poder, e, por isso, o brasileiro precisa cobrar dos candidatos a governador e deputado estaduais suas propostas. Não podemos ficar apenas ouvindo promessas de obras, de mais saúde, melhor ensino e pagamento em dia para servidores. Se as reformas necessárias não forem realizadas já, nenhuma promessa será cumprida. 

O governador Pimentel, por exemplo, que tanto combateu a reforma previdenciária, já admite que, sem a reforma da Previdência dos servidores públicos, Minas não sobrevive. Admitir isso foi um ato de coragem e um quase reconhecimento de que estava errado. Um bom começo. Anastasia já vinha dizendo isso. É preciso abrir mesmo esse debate, e que os demais postulantes entrem nele sem demagogias baratas.

 

---

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo mineiro, profissional e de qualidade. Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar.

Siga O TEMPO no Facebook, no Twitter e no Instagram. Ajude a aumentar a nossa comunidade.