PAULO CESAR DE OLIVEIRA

Reta final para as urnas

Fizeram a reforma política para que haja o mínimo de renovação

Por Da Redação
Publicado em 25 de setembro de 2018 | 03:00
 
 

Agora estamos a apenas 13 dias das eleições. São, lembro, apenas 13 dias para o povo escolher seus representantes. Bom lembrar que vamos às urnas para eleger deputados federais, deputados estaduais e senadores, mais presidente da República e governadores. A disputa pela Presidência da República, hoje, está entre Bolsonaro e Haddad; contudo, não é uma polarização consolidada, e nestes dias pode haver uma reação de Ciro Gomes ou, menos provável, de outro candidato, embora as pesquisas indiquem que os demais já se perderam pelo caminho.

O que também chama atenção nesta disputa eleitoral são as escolhas dos senadores. Minas, por exemplo, deve eleger Dilma para uma das vagas do Senado. Ela vai ocupar uma cadeira legislativa ao lado de Fernando Collor, que, como ela, foi defenestrado do governo pelo Congresso. Ambos, no poder, padeciam de mal da prepotência e nunca dialogaram com o Legislativo. O estranho é que Dilma lidera uma corrida para representar um Estado com o qual nunca demonstrou identidade. Para se medir o nível de nosso futuro Parlamento, basta dizer que Dilma deverá ser a grande novidade no Senado, ao lado de Eduardo Suplicy, que tenta retornar e lidera as pesquisas em São Paulo, e de Tiririca, que ameaçou desistir, mas segue firme para ser novamente campeão de votos.

Claro que parte desse desastre se deve aos atuais congressistas, que fizeram o que batizaram de “reforma política” para que haja o mínimo de renovação. E é o que está previsto. Dessa forma, o novo presidente, se quiser mesmo implementar as reformas tão necessárias para o país, vai enfrentar dificuldades. Terá que agir enquanto ainda estiver com o “cheiro das urnas”, enviando suas propostas para o Congresso nos três primeiros meses de governo e agilizando as discussões e votações.

Principalmente a chamada “reforma política”. Se não agir rápido, não aprovará nada. No Brasil, o presidente, depois de seis meses na cadeira, não consegue nada com o Congresso. É que, a partir daí, os parlamentares só aprovam o que é de interesse deles ou o que, claro, foi definido no “balcão da governabilidade” ou no “balcão de negócios”, como queiram.

Com a polarização e a radicalização da disputa presidencial, a escolha de governadores vai ficando relegada a um plano inferior, especialmente nos maiores centros. A figura é estranha ao eleitor. O brasileiro, então, nem é bom falar. Sua atenção é exclusivamente para o Executivo, mais especificamente, quando em disputa, para a Presidência. Ele se esquece dos governadores, como se dos governos estaduais não dependesse o atendimento da maioria, ou de boa parte, dos serviços usados pelos cidadãos.

Somos um povo sempre à procura de um “paizão”. Um tipo de político bem conhecido nesta América Latina. Político esperto o suficiente para manipular a ingenuidade e a ignorância do povo, fazendo de conta que tudo podem. Que não existem os outros Poderes e que os Estados são apenas o quintal de seus palácios.