Paulo Cesar de Oliveira

O jornalista e empresário escreve na terça-feira

Samba do crioulo doido

Publicado em: Ter, 03/04/18 - 03h00

O saudoso Stanislaw Ponte Preta diria que este período pré-eleitoral está mostrando o que será a campanha nos 45 dias reservados pela Lei Eleitoral, que se parece com o “Samba do Crioulo Doido”. A lei estipulou que campanha mesmo só a partir de 16 de agosto, mas, como ninguém fiscaliza nada, ela já está nas ruas, com a cobertura jornalística e as redes sociais repercutindo os atos e desatinos dos pré-candidatos. Pelo que se vê, os ataques serão da maior virulência; já está acontecendo com o presidente Michel Temer, que, apenas ameaçou ir para a reeleição, já começou a apanhar, inclusive com a prisão de alguns de seus amigos mais próximos, acusados de receber propinas em seu nome. E novas denúncias contra ele podem aparecer.

O ex-presidente Lula, condenado a 12 anos de prisão, ao que tudo indica, pelas amizades e crédito que tem com alguns ministros do STF, não será preso, poderá até ser candidato e já está em campanha aberta. O ainda governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, pré-candidato do PSDB, que se desincompatibiliza no próximo sábado, será atingido por denúncias antes mesmo de deixar o cargo.

O senador Alvaro Dias, candidato do Podemos, vê seu nome crescer e pode ser a grande surpresa de outubro, mas também não escapará de denúncias. Ciro Gomes – que fala no Conexão Empresarial do dia 16 de abril para empresários e formadores de opinião – mira sua campanha na busca dos eleitores de Lula, apostando e torcendo para que o petista não seja candidato.

De quem se espera maior radicalização é do deputado Jair Bolsonaro, que, segundo pesquisas, vai ocupando o espaço da direita radical. Para muitos, chegou a seu patamar. Pode até crescer mais, dependendo da participação de Lula na campanha. É sua oportunidade de polarizar. Se Lula for ficha-suja, a tendência do capitão é perder espaço.

Há ainda várias outras pré-candidaturas já colocadas, mas de expressão menor, como a de Rodrigo Maia, pelo DEM, e outra, ainda em gestação, com apelo para alterar o quadro, especialmente do centro: a do ministro Henrique Meirelles, que nesta semana deverá se filiar ao MDB. Assim, diria que muita água ainda vai correr debaixo da ponte. Lamentavelmente, carreando muita sujeira, denúncias falsas e verdadeiras que ainda virão.

Quanto ao Congresso, não se esperam grandes novidades. O Legislativo se blindou, deixando de promover a reforma política e manobrando para restringir o uso de verbas públicas de campanha por novatos e legendas de menor expressão. Isso faz prever um baixo índice de renovação na Câmara Federal e também nas Assembleias Legislativas. Já no Senado, que modificará dois terços de sua composição, a mudança deve ser forte. Minas, com certeza, elegerá dois nomes novos. Já as disputas estaduais vão em banho-maria, à espera das definições no âmbito federal. Enquanto aguardam, os grupos vão juntando material contra os adversários. A questão é saber quem vai atirar. Talvez o jogo sujo fique para os nanicos. Os grandes não estão em condições de atirar sem correr o risco de levar chumbo de volta.

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