PAULO DINIZ

As sete vidas do MDB: o porquê de uma candidatura própria

Um terceiro caminho, o de antagonista de petistas e tucanos

Por Da Redação
Publicado em 15 de maio de 2018 | 03:00
 
 

Com o lançamento da pré-candidatura de Antonio Anastasia ao governo do Estado, a euforia no meio político se tornou evidente. Lideranças vêm se manifestando de forma favorável à volta dessa plataforma política, e só não há mais apoios formais porque ainda estão em curso as negociações que definem o lugar de cada um na hipotética gestão tucana. Evidentemente, a imagem que partilham é a da bonança da década de 2000, quando a economia internacional conspirava a favor de Minas. Não será esse o quadro que aguarda o próximo governador, porém, em um contexto pré-eleitoral, imagens e esperanças superam a razão facilmente: assim se explica a empolgação de tantos políticos com a chegada de Anastasia à disputa eleitoral mineira.

Algo que chama atenção, hoje, é a rearticulação de forças e tendências partidárias que, cobiçando o controle do Palácio da Liberdade, precisam refazer os planos que já haviam conseguido traçar nesse confuso 2018. O MDB, principalmente, tem uma grande travessia pela frente: partiu de um profundo fracionamento, com nítidas alas favoráveis e contrárias a Fernando Pimentel, para embarcar de forma conturbada no projeto de candidatura própria ao governo do Estado. Essa proposta, aventada várias vezes nos piores momentos da luta interna do MDB, sempre se pareceu mais com um elemento de barganha do que com uma plataforma política bem-pensada e planejada.

Ocorre que, com as desventuras administrativas e políticas do bloco petista, que vão da retenção de recursos municipais e do Legislativo até o advento de Dilma Rousseff na política mineira, a candidatura própria foi se tornando uma opção real para o MDB como um todo. Antônio Andrade e Adalclever Lopes, segundo consta do noticiário político, já se encontraram para discutir o assunto, que já foi ameaça, passou a boato e agora é um plano. Qualquer um dos dois, caso venha a ser esse candidato do MDB ao Palácio da Liberdade, vai enfrentar dificuldades para se tornar conhecido em todo o Estado, já que vieram de carreiras no Legislativo – algo que, tradicionalmente, costuma tornar o político notório apenas junto a públicos específicos.

Fica, portanto, a dúvida quanto ao futuro da proposta de candidatura própria do MDB. Há possibilidade de vitória, sobretudo a partir da extensa rede de apoios distribuídos pelo interior mineiro, construída ao longo de décadas pelo MDB estadual. Porém, é incômoda a posição de se estar entre a máquina governista de Pimentel e a euforia saudosista em torno de Anastasia. Além disso, em uma campanha curta e de baixo custo, como será a de 2018, largam na frente os candidatos que já têm visibilidade popular, como o petista e o tucano, enquanto os postulantes do MDB terão dificuldades nesse quesito.

Por outro lado, também é fato que a astúcia é uma marca antiga dos partidários do MDB. Entraves e facilidades no caminho de um candidato próprio do partido constituem uma lógica binária na qual nem sempre o MDB raciocina: um terceiro caminho sempre é possível, apesar de este nem sempre ser perceptível para a maior parte da humanidade. Nesse sentido, a postura de antagonista de petistas e tucanos pode representar, na verdade, apenas uma posição neutra durante o processo eleitoral, que permitiria uma adesão sem arestas ao eventual vencedor nas urnas. Sendo assim, da proposta de candidatura própria do MDB ao governo mineiro pode resultar qualquer coisa: inclusive, nenhuma mudança.