Paulo Paiva

Professor associado da Fundação Dom Cabral, Paulo Paiva escreve às sextas-feiras

Crescimento nas mãos do Brasil

Publicado em: Sex, 24/01/20 - 03h00

O Fundo Monetário Internacional (FMI) apresentou, em Davos, no início desta semana, a revisão de seu World Economic Outlook. Diferentemente de outubro passado, quando projetava uma desaceleração sincronizada, hoje o FMI prevê uma tendência de estabilização com lento crescimento. Esta é a boa notícia: as nuvens ficaram menos negras.

Em síntese, espera-se para a economia global crescimento de 3,3%, neste ano e de 3,4% em 2021, contra 2,9% no ano passado. Para as economias avançadas, queda de 1,7% em 2019 para 1,6% neste e no próximo ano. Para os mercados emergentes, expansão lenta, indo de 3,7% em 2019 para 4,4% e 4,6% em 2020 e em 2021, respectivamente.

A melhora no ambiente econômico é devido, principalmente, ao acordo comercial assinado entre os Estados Unidos e a China, chamado de Fase I, e ao provável desfecho do Brexit.

Vale destacar as projeções para alguns países e regiões. Para os Estados Unidos, espera-se crescimento de 2,0% neste ano e de 1,7% no próximo, principalmente pelo fim dos incentivos fiscais do início do governo Trump. Na área do euro, a economia crescerá pouco: 1,3%, em 2020 e 1,4% em 2021 As economias emergentes da Ásia continuarão comandando a expansão da economia global, crescendo 5,8% e 5,9% em 2020 e em 2021, respectivamente. Esse crescimento é menor do que foi no passado recente, em razão da desaceleração da economia chinesa, que, todavia, deverá receber um incentivo positivo por causa do acordo com os Estados Unidos. A Índia perderá força com a crise no seu sistema financeiro. A boa notícia é a recuperação da economia latino-americana, que de 0,1% em 2019 deverá crescer para 1,6%, em 2020 e 2,3% em 2021, Brasil à frente.

Os principais riscos para a economia mundial são geoeconômicos e geopolíticos. As tensões comerciais dos Estados Unidos com a China e com os países europeus ainda preocupam, assim como os conflitos geopolíticos no Oriente Médio, como o desdobramento do confronto entre os Estados Unidos e o Irã. O FMI estima que, por enquanto, os preços do barril de petróleo continuarão abaixo de 60 dólares.

Quais as consequências desse cenário para o Brasil? Os baixos níveis da inflação e da taxa de juros são poderosos fatores para estimular o crescimento da economia e a redução do custo de financiamento da dívida pública. No âmbito externo, se o acordo comercial entre os Estados Unidos e a China pode impactar negativamente as exportações brasileiras para a China, a estabilidade do crescimento mundial é um estímulo para o acesso a outros mercados.

O desafio será manter a agenda de reformas, concluindo a paralela da Previdência, a PEC Emergencial e a reforma administrativa. Seria um ganho extraordinário se também se conseguisse aprovar a reforma tributária, para elevar o nível de competitividade. A extensão do crescimento dependerá das escolhas que o Brasil fará.

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