PAULO PAIVA

Minas sob nova direção

Creio que o governador deveria se comunicar mais com Minas, sem olhar para o retrovisor, como aconselharia Hélio Garcia

Por Da Redação
Publicado em 22 de novembro de 2019 | 03:00
 
 

No almoço Conexão Empresarial, promovido pela revista “Viver Brasil”, na segunda-feira passada, diante de um salão repleto de empresários ávidos por ouvirem o que o governo está fazendo para que a economia mineira volte a crescer, o governador Romeu Zema, com os dados na ponta da língua, discorreu com precisão e transparência sobre seus desafios e suas iniciativas. 

Veio-me à lembrança a primeira vez que ele esteve naquele mesmo evento, ainda na pré-campanha, falando para as pouquíssimas pessoas que atenderam ao convite da VB Comunicação. À época, não conhecia a complexidade da gestão pública, tampouco a gravidade da insolvência fiscal do Estado. Era um candidato improvável que, conforme confessou, aceitou o convite do Evandro Negrão de Lima para ajudar na eleição dos candidatos proporcionais do Partido Novo. Mas a vida lhe traçou outro caminho.

Impressionou-me seu rápido aprendizado sobre a extensão do desequilíbrio fiscal, as estratégias a serem enfrentadas e as medidas que estão sendo tomadas. Zema está seguro de que seu primeiro desafio é equilibrar as contas do Estado e de que as principais ações – reformas da Previdência e administrativa – dependem de decisões do Congresso Nacional; não se ilude com a possibilidade de receber a conta da Lei Kandir, sem acordo com a União; e está determinado a fazer o ajuste somente pelo lado das despesas, sem aumentar a carga tributária.

De sua exposição brotaram cristalinamente suas convicções políticas e éticas. Faz, sim, política como a busca da satisfação dos interesses coletivos; não a negociação miúda no balcão de negócios. Não administra o Estado utilizando-se da partidarização política ou do ódio, mas fortalecendo as relações institucionais, quer com a Assembleia Legislativa, quer com o governo federal e os municípios. Organizou sua equipe pelo mérito, e não pela filiação partidária. Para ele, gestão é fundamental.
Deixou claro que não construirá novas escolas sem antes pagar os professores em dia, seu primeiro objetivo; que não construirá novas rodovias se não consegue conservar as atuais. Alertou-nos também que não é admissível deixar de pagar servidores e fornecedores retendo o patrimônio do Estado. Isso não se faz na vida privada e não deve ser feito na gestão pública. Sua experiência – eu diria, sua ética – lhe impõe a necessidade de se desfazer do patrimônio para liquidar as dívidas. Privatização não é uma questão ideológica, mas ética. 

Creio que o governador deveria se comunicar mais com Minas, sem olhar para o retrovisor, como aconselharia Hélio Garcia, mostrando os esforços e os sacrifícios que estão sendo feitos por todos, governo e sociedade, para superar a crise fiscal e, simultaneamente, arrumar a casa para que o Estado retome seu crescimento com prosperidade e justiça social.

A mudança está em curso. Minas agradece-lhe, governador, por seus propósitos, lucidez, sinceridade e firmeza.