Paulo Paiva

Professor associado da Fundação Dom Cabral, Paulo Paiva escreve às sextas-feiras

Roguemos por nossos mortos

Publicado em: Sex, 01/11/19 - 03h00

Novembro chegou reverenciando o que findou. Nossos mortos, cujas lembranças queremos perpetuar na memória. As saudades que ficaram, as experiências que nos passaram, os exemplos que nos inspiraram, o vazio que deixaram. 

Perdemos, além dos entes queridos, oportunidades para construir um país melhor, mais próspero e mais justo. 

Perdemos valores, princípios e sonhos. Perdemos a ética e a compaixão.

Roguemos, pois, a Deus pelos sonhos e por tudo mais que já tivemos e perdemos.

Roguemos a Deus pelo crescimento da economia que se foi há tanto tempo e teima em não voltar.

Roguemos a Deus pelos empregos destruídos pela recessão e que se perderam no espaço. Empregos que geraram tantas riquezas e hoje, distantes e inatingíveis, deixam mais de 12 milhões de brasileiros sem trabalho e sem acesso à renda.

Roguemos a Deus pela produtividade da economia, tão importante para a prosperidade do país e que, estagnada, não mais contribui para o crescimento.

Roguemos a Deus pela equidade social, pelas oportunidades iguais para todos, pela igualdade de direitos de homens e mulheres, de brancos, afrodescendentes, mulatos, indígenas e imigrantes de todos os países que escolheram o Brasil para viver.

Roguemos a Deus pelos direitos de liberdade de pensamento, consciência ou expressão de opinião política ou religiosa.

Roguemos a Deus pelo acesso de todos à educação de boa qualidade que contribua para a formação da cidadania na sua completa expressão.

Roguemos a Deus pela conservação do que restou de nosso meio ambiente.

Roguemos a Deus pela operação Lava Jato, que está definhando em seu leito mortal, atingida por todos os que querem se locupletar à custa do dinheiro público.

Roguemos a Deus que proteja todas as iniciativas que visem a combater, dentro dos limites legais vigentes, a corrupção, a improbidade na administração pública e outras práticas de desvio de recursos públicos.

Roguemos a Deus pela preservação da Política, com “P” maiúsculo, que é a arte da construção de consensos em torno de interesses coletivos e que não se confunde com a política mesquinha de defesa de interesses pessoais e de conluios entre os setores público e privado.

Roguemos a Deus pela defesa do Estado democrático de direito, pelo respeito aos princípios constitucionais e à interdependência entre os Poderes.

Roguemos a Deus que os governantes respeitem as leis e as pessoas.

Roguemos a Deus que nas relações políticas e sociais e perante a lei prevaleça o diálogo ao arbítrio; a igualdade à desigualdade.

Roguemos a Deus que estimule a solidariedade e a concórdia entre as pessoas e que elimine o ódio, a violência e o rancor.

Roguemos a Deus que nos conflitos políticos vença o bom senso.

Roguemos a Deus que na sociedade triunfem a paz e o entendimento.

---

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo mineiro, profissional e de qualidade. Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar.

Siga O TEMPO no Facebook, no Twitter e no Instagram. Ajude a aumentar a nossa comunidade.