JOSIAS PEREIRA

A quem pertence o futebol?

Redação O Tempo

Por Da Redação
Publicado em 15 de janeiro de 2018 | 03:00
 
 

As cifras cada vez mais altas envolvendo as transferências de jogadores no Brasil e no mundo possuem também a mão sagaz dos empresários, responsáveis pelo toque de Midas na hora do fechamento das cláusulas dos contratos. A missão deles é valorizar ao extremo seus atletas e, tenha certeza, eles vêm exercendo esse papel de maneira brilhante. A conta bancária não nega.

De acordo com relatório da Fifa, nos últimos cinco anos, os agentes de jogadores ou clubes receberam US$ 1,590 bilhão (R$ 5,109 bilhões). Este valor, segundo cálculo apresentado pelo jornalista Rodrigo Mattos no site Uol Esportes, é praticamente seis vezes igual ao montante da negociação de Neymar com o PSG, a maior da história do futebol.

Ainda segundo o relatório, 96% destas comissões destinadas aos agentes são pagas na Europa, enquanto que, na Conmebol, os valores declarados à Fifa são na ordem de US$ 23 milhões.

Os números na América do Sul são pequenos, mas dão margem a interpretações, como, por exemplo, a credibilidade dos empresários e lisura em seus negócios, uma vez que nem todos os repasses seriam declarados à entidade máxima do futebol mundial.

Aquele sentimento de acordos feitos por “debaixo dos panos” cresce quando, de acordo com a média mundial paga aos agentes, o Brasil, pelo alto investimento na repatriação de atletas na última temporada (R$ 266 milhões), deveria ter ao menos R$ 20 milhões em comissões em 2017.

Quantas vezes não vimos times entregues na mão de agentes? Aquelas transferências casadas que levantam suspeitas?

Não há dúvidas de que o futebol é um negócio altamente lucrativo, mas não está acima do bem e do mal, muito menos da legislação vigente.

Em tempos de arrocho financeiro, os questionamentos sobre a austeridade e a responsabilidade na gestão dos clubes de futebol vêm à tona. Por isso é preciso transparência para que os times não virem balcão de negócios, investindo em jogadores superestimados graças à lábia de quem sabe vender seu peixe.

Histórico. Na última sexta-feira, o futebol mundial rompeu mais uma barreira. Pela primeira vez, as mulheres foram liberadas para acompanharem jogos em estádios da Arábia Saudita, uma determinação impensada em 2018. E, mesmo assim, a dita “liberdade”, que colide com a tradição, tem restrições, como o uso da burca e a presença em setores familiares. Mas para quem até pouco tempo não tinha nada, o primeiro passo foi dado. Que a mudança não pare.