JOSIAS PEREIRA

Fred, Benzema e sobre nunca duvidar de um camisa 9

Os dois percorreram caminhos diferentes em suas trajetórias, mas sempre conviveram com a fama de camisa 9

Por Da Redação
Publicado em 22 de abril de 2019 | 03:00
 
 
Bruno Haddad/Cruzeiro

Houve um período, para ser exato, de 2005 a 2009, em que Fred e Benzema dividiram o mesmo vestiário. Eram a linha de frente ofensiva de um Lyon que dominou a França. Os dois percorreram caminhos diferentes em suas trajetórias, mas sempre conviveram com a fama de camisa 9. Há quem diga que Benzema foi o responsável pela perda de espaço de Fred no Lyon, mas há também quem conteste essa tese, como Didier Deschamps, que avaliou o brasileiro como um atleta mais fixo, enquanto o francês sempre foi mais móvel. Cristiano Ronaldo que o diga.

O sacrifício de Benzema valeu a pena por anos no clube merengue. A verdade é que Fred retornou ao Brasil e, desde então, é um dos centroavantes mais eficientes do país. Aos 35 anos, ele vem sendo o cara do Cruzeiro na temporada, com 15 gols marcados, 12 só no Campeonato Mineiro, competição da qual ele foi artilheiro pela quarta vez.

Fred passou por períodos em que não foi sumidade. Mas o que chama atenção no atleta, hoje, é sua capacidade de se reinventar. O camisa 9 foi apontado como um dos maiores vilões do 7 a 1. Foi achincalhado quando deixou o campo para a entrada de Willian. Taxado de “cone”, ele respondeu sendo o artilheiro do Brasileirão de 2014, com 18 gols. Aqui não há o debate sobre a fragilidade do campeonato nacional, mas, sim, a certeza da qualidade do atleta frente ao que temos no país. Quando deixou o Fluminense, Fred precisou superar a desconfiança no Atlético por conta de sua íntima ligação com o Cruzeiro. Também foi efetivo, marcando 42 gols em 83 jogos.

A sua saída turbulenta do Atlético, que ainda reverbera em uma dívida milionária discutida judicialmente, trouxe desafios ao atleta, que no mesmo período sofreu a mais grave lesão de sua carreira. Mas Fred, de novo, reinventou-se. Quando voltou à ativa ele se apresentou também como um atleta mais acessível, atraindo para si o público não apenas pelos gols, mas também pela irreverência nas redes sociais. O rei dos stories mostrou ser o “parça” de todos, e a fase “influencer” o acompanhou em campo. Ele foi o principal destaque do Cruzeiro na conquista do Estadual. Literalmente “deitou” no torneio e tem tudo para fazer um grande ano. Sua felicidade é perceptível.

Benzema, hoje aos 31 anos, também teve que se reinventar. Histórias que, mesmo separadas por uma enormidade de fatores, seguem se cruzando. Goleadores nunca perdem o faro. Só aguçam os sentidos. Ano passado, Karim foi intensamente criticado por suas atuações. Mas em um Real “diferente” com a saída de Cristiano Ronaldo, o que temos visto é brilhar a estrela do atacante francês. Em 50 jogos na temporada, Karim foi às redes 30 vezes, 21 só em La Liga e, ontem, no 3 a 0 sobre o Athletic de Bilbao, tornou-se o primeiro jogador da história do Real Madrid a marcar oito gols seguidos sem que outro jogador do clube interrompesse a sequência. Números que congelaram o mercado, sempre em polvorosa com rumores de que o Real estava atrás de um camisa 9. O problema talvez nunca tenha sido Benzema.