JOSIAS PEREIRA

Voando no Chelsea, Willian pede passagem

Redação O Tempo

Por Da Redação
Publicado em 12 de março de 2018 | 03:00
 
 

No ano passado tive a oportunidade de conversar por meia hora com Willian, um dos mais consistentes jogadores brasileiros que já atuaram no competitivo futebol inglês. À época, os problemas do técnico italiano Antonio Conte com atletas do país pentacampeão mundial já eram explorados, a começar pela desavença com o atacante Diego Costa e, depois, o desentendimento com David Luiz, que desde novembro participou de apenas quatro jogos com os Blues.

Em contrapartida, o futebol de Willian cresceu neste período e foi dinamitando, aos poucos, a resistência de Conte, que agora enxerga o brasileiro como um dos pilares do seu elenco. Era impossível conceber o espanhol Pedro como titular e Willian no banco. A reviravolta então se deu. No sábado, em vitória sobre o Crystal Palace por 2 a 1, pela Premier League, Willian chegou a 13 gols na temporada, sendo cinco nos últimos cinco jogos, a melhor marca de sua carreira.

Sem dúvidas, o jogador do Chelsea, em comparação com os demais brasileiros, é o que chega atropelando entre os 16 nomes já garantidos por Tite na Copa. Não à toa, ganhou do técnico da seleção o apelido de “foguete”. Com Neymar lesionado, Willian passa a ser uma das possibilidades de Tite para variar o esquema da seleção e descobrir outras formas de fazer o time render sem a principal estrela.

Coutinho poderia jogar na esquerda, faixa de campo que ele já jogava no Liverpool, e quase impossível de ser ocupada por conta de Neymar, que também cai no mesmo setor, e Willian, naturalmente, seria encaixado na direita.

Mas por que não ousar? Fazer com que Willian se encaixe dentro do time ideal de Tite ocupando a vaga de Renato Augusto. O meia do Chelsea então cairia pela direita, com Coutinho ocupando a faixa central do campo, Neymar na esquerda e Jesus no centro de ataque. Esse “quadrado mágico” poderia trazer muitos problemas aos adversários, com trocas de posições e a famosa flutuação. O único problema deste esquema, e que talvez esteja sendo levado em conta por Tite, é a exposição do time. Ao lado de Casemiro na contenção, Paulinho poderia se ver privado de uma de suas melhores características: a chegada como elemento surpresa no ataque.

O aproveitamento de Willian na seleção seria até mesmo uma forma de acerto de contas com a história. Naquela goleada lamentável de 7 a 1 sofrida pelo Brasil para a Alemanha, muito questionou-se o porquê de não ter entrado com Willian na vaga que foi ocupada por Bernard.

Além de ser um bom homem de criação, Willian é destaque pelo comprometimento tático, principalmente na recomposição das linhas. Talvez isso o diferencie da maioria dos jogadores brasileiros que vêm se destacando na Europa e o fez arrancar até a alcunha de “Top dos Tops” de José Mourinho, um dos maiores treinadores do futebol mundial.

Se o futebol é momento, este é o momento de Willian e ele, por tudo que vem fazendo, não pode ficar fora dos 11 titulares da seleção, mesmo com Neymar a bordo. A bomba é de Tite, e que bom que ele terá ao menos mais três amistosos para projetar o Brasil antes da estreia na Copa.