De volta a revenda

Prática que completou 30 anos em 2018, desde a primeira vez que aconteceu no Brasil, o recall, hoje, já não assusta, faz parte do “jogo” e é visto muito positivamente por todos aqueles que preservam e cuidam da segurança de todos os ocupantes do veículo. Não só na indústria automobilística que este chamado de volta ao fabricante para o reparo de certo componente acontece, mas, claro, é um exercício mais habitual no universo automotivo.

A título de curiosidade, o começo desta história remete a 1960, nos Estados Unidos, e tem o advogado norte-americano Ralph Nader como mentor. Ele descobriu e reclamou de defeitos em seu automóvel, comprado zero, e conseguiu ter toda a assistência do fabricante, que procedeu a substituição sem nenhum ônus. Este será nosso tema da semana, e abrimos espaço para Vinícius Melo, criador do Papa Recall, um aplicativo que avisa o motorista se o automóvel cadastrado teve algum chamado da fabricante para conserto ou troca de peças, que faz algumas considerações sobre o assunto. Com a palavra, Vinícius.

“Adquirir um carro é o sonho de grande parte da população, mas também é sinônimo de responsabilidade. O proprietário precisa estar atento ao bom funcionamento do automóvel, às revisões necessárias, aos serviços de manutenção, entre outros pontos essenciais para não colocar em risco a vida das pessoas nas vias. Entretanto, há uma questão essencial sobre o setor automotivo em que poucos motoristas prestam atenção: a necessidade de se fazer um recall, ou seja, a importância da troca de peças após identificação de defeitos de fabricação. Os números realmente são preocupantes. De acordo com levantamento do Procon-SP, apenas em 2018 foram chamados mais de 2 milhões de veículos para realizar algum conserto ou troca de peças, mas apenas 15% deles atenderam o chamado das fabricantes. Além disso, estimativas do mercado apontam que aproximadamente 22 milhões de carros que estão em circulação no Brasil precisam passar por esse procedimento. Esta situação gera uma bomba-relógio, elevando o risco de acidentes graves nas vias do país.

Atualmente, as montadoras realizam o chamamento de veículos com anúncios de utilidade pública em meios de comunicação, como TV, jornal e rádio, e em seus canais na internet. Contudo, esse tipo de comunicado exige comprometimento das pessoas. Se elas não visualizarem as campanhas, não vão saber que seus carros possuem defeitos que podem ocasionar graves acidentes. Ainda que tenha sido consagrada ao longo das décadas, essa estratégia apresenta resultado pouco eficaz: o índice de retorno sempre é abaixo dos 20%. Dessa forma, o número de carros que precisa passar por algum procedimento de conserto ou troca de equipamentos aumenta consideravelmente a cada ano – e o risco de acidentes e mortes no trânsito cresce na mesma medida. Ainda que o serviço seja gratuito à população (e extremamente necessário), as notícias referentes a recall não costumam chamar atenção das pessoas como as referentes à legislação de trânsito, lançamento de veículos e tributos a pagar, por exemplo. É preciso encontrar uma forma de fazer essa mensagem chegar aos interessados de forma rápida e clara.”

Para obter mais informações ou baixar o aplicativo, basta acessar o site: www.paparecall.com.br.