Raimundo Couto

Jornalista especializado no setor automotivo, escreve às quartas-feiras no caderno Veículos

Lendas da paixão II

Publicado em: Qua, 16/08/17 - 03h00

Dividida em duas partes, contamos hoje o capítulo final com um breve resumo sobre a história da lendária Ferrari. A saga da marca que tem o cavalinho empinado como emblema começou quando a família de Francesco Baracca, um piloto morto em combate na guerra, cedeu a Enzo (Ferarri) o direito do uso da imagem que Baracca usava como amuleto em seu avião: o cavallino rampante, símbolo do vigor e da determinação.

Foi assim a transcrição da história nas palavras do próprio Enzo. “A história do cavallino rampante é simples e fascinante. O cavallino estava pintado na fuselagem do caça de Francesco Baracca, heroico aviador caído em Montello, na Primeira Guerra Mundial. Quando venci, em 1923, o primeiro circuito de Savio, que se corria em Ravenna, conheci o conde Enrico Baracca, pai do herói. Desse encontro nasceu o seguinte, com a mãe dele, a condessa Paulina. Ela disse-me um dia: Ferrari, coloque no seu carro o cavallino rampante do meu filho. Dar-lhe-á sorte”.

Enzo conservou até sua morte, em 1988, a fotografia de Baracca com a dedicatória dos seus pais na qual lhe entregam o emblema. O cavallino era negro, e assim permaneceu. O criador da Ferrari aplicou apenas o fundo amarelo-canário, que é a cor de Modena. Em 1929, a Ferrari começou suas atividades automobilísticas com o nome Scuderia Ferrari. Naquele ano, Enzo criou a empresa e com ela introduziu os preceitos de uma organização que, embora tivesse como objetivo principal a manutenção dos carros de competição da Alfa Romeo (à qual ele estava ligado também como piloto), modificava e transformava os carros, mantendo a marca Alfa Romeo e recebendo assistência técnica da própria fábrica.

Em 1939, a Ferrari fundou sua sede em Modena, a Auto Avio Costruzioni. Por causa da Segunda Guerra Mundial, Enzo se mudou para Maranello, a 18 km de Modena. Bombardeada em 1944 e 1945, a indústria passou por uma completa reestruturação produzindo automóveis de rua que hoje representam o sonho de consumo de dez entre dez entusiastas. A parceria da Fiat com a Ferrari teve início em 1969. A Fiat passou a participar do controle acionário da Ferrari e mudou sua história, possibilitando investimentos para a equipe de competição e os avanços tecnológicos, hoje conhecidos nos automóveis. O começo do entrosamento deu-se efetivamente com a inauguração de um circuito fechado apenas para testes, que recebeu o nome de Fiorano, e foi inaugurado em 1972.

Em 1979, Jody Scheckter conquistou o último título mundial de pilotos e de construtores assistido pelo fundador da equipe. Em 1982 e 1983, Enzo ainda viu sua equipe ser campeã do Mundial de Construtores. A ascensão do industrial Luca Cordero di Montezemolo à presidência da Ferrari se deu em 1991. A carreira vitoriosa no time de futebol mantido pela Fiat, a Juventus, e a organização da Copa do Mundo na Itália, em 1990, credenciaram Luca a assumir o comando – da fábrica e da equipe de Maranello – levando novamente a Ferrari a ganhar na Fórmula 1, e, depois, torna-se o executivo número 1 da empresa no mundo. Há três anos, desde que a Fiat se uniu à Chrysler, Montezemolo saiu da presidência, mas não sem deixar como um de seus legados a célebre frase: “A Ferrari não vende carros. Ela vende sonhos.”

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