RAIMUNDO COUTO

Meu amigo Charles...

Redação O Tempo

Por Da Redação
Publicado em 07 de março de 2018 | 03:00
 
 
Audi/divulgação

Nesta semana, peço licença ao amigo leitor (a) para prestar uma homenagem ao jornalista e assessor de imprensa Charles Marzanasco Filho, que por 25 anos ajudou a construir a imagem da marca Audi no Brasil. Agora que Charles parte para novos desafios, o momento é mais do que apropriado para fazer público o reconhecimento ao trabalho sempre tão bem feito, e, principalmente, ao cuidado com que sempre tratou, sem discriminação, os jornalistas automotivos.

Escrevo sem medo de errar. Foi esse apoio e o crédito ao trabalho de muitos profissionais que estavam apenas iniciando, a razão para que hoje alguns desses tenham chegado tão longe e com suas carreiras consolidadas em uma área sempre tão concorrida, como é a cobertura do setor de veículos. Sobrinho do também jornalista Heitor Feitosa, foi pela admiração ao tio o motivo pelo qual Charles decidiu seguir a profissão. Fez de tudo um pouco, como todos nós na fase inicial de carreira. Mas se encontrou, de verdade, na revista “Quatro Rodas”, quando passou a viver o universo dos automóveis e das competições. Fez assessoria para vários pilotos, até conhecer Ayrton Senna, uma relação que seguiu com a família mesmo após o precoce falecimento do piloto, em maio de 1994. Foi justamente nesse ano que Ayrton passou a ser o representante oficial da Audi no Brasil e convocou Charles para as relações com a imprensa.

No comando da operação Audi Brasil, Leonardo Senna, irmão do piloto, ao lado de Marzanasco, inovaram o conceito de comunicação até então utilizado por outros fabricantes. Começaram enxergando uma grande vitrine de oportunidade ao expor a marca para potencias clientes que frequentam durante os meses de junho e julho a fria Campos do Jordão, em São Paulo. E foi em um mês de junho, há mais de vinte anos, que tive o prazer de conhecer o Charles.

Convidado para conhecer a ação que a Audi promovia em Campos do Jordão, fui apresentado a ele no aeródromo de Campo de Marte, em São Paulo, de onde levantaria voo o helicóptero da família Senna rumo à cidade paulista. Marinheiro de primeira viagem, fui surpreendido com a novidade (voar de helicóptero). Fiquei mais seguro imaginando que Charles era assíduo dessas viagens, e que durante o voo, eu poderia sobrepor o medo perguntando algumas curiosidades que sempre quis saber sobre o mito Ayrton Senna.

Assim que o helicóptero subiu, suando frio e morrendo de medo, comecei a bombardear Charles de perguntas. Por todo tempo, de São Paulo até o pouso nos jardins de uma mansão em Campos do Jordão, alugada pela Audi, Charles respondia monossilabicamente a todos meus questionamentos. Não desgrudava as mãos do apoio e nem mudava o olhar, sempre fixo em direção ao horizonte. Cheguei a pensar:

– Puxa, que assessor metido, esnobe! Só porque foi amigo do Senna?!

Qual nada, assim que descemos Charles, com as mãos molhadas de tanta tensão me diz com o melhor sotaque paulistano:

– Ôh meu, nem ouvi o que você me dizia, não penso em nada. Só na hora que este treco vai descer e desligar o motor.

E, assim, eu já tinha o perdoado.

É muito bom para o setor contar com um assessor que mesmo beirando os 60 anos continua com a cabeça fervilhando de ideias. Charles, tenho certeza que sua trajetória profissional está longe de se encerrar e que ela seguirá por muitos anos ainda, emprestando seu talento e disposição, agora, para outro fabricante. Estamos juntos!