Raimundo Couto

Jornalista especializado no setor automotivo, escreve às quartas-feiras no caderno Veículos

O clone

Publicado em: Qua, 14/03/18 - 03h00

Um leitor nos enviou um e-mail, desfilando um rosário de queixas e reclamações, muito justas, diga-se de passagem. O autor, que se intitula H. Marcassa, nos conta em detalhes o calvário pelo qual está passando sem que não tenha feito absolutamente nada para que isso acontecesse.

“Era uma manhã de segunda-feira, e, como não havia me lembrado durante o fim de semana de verificar as correspondências recebidas, antes de sair para o aeroporto, para mais uma viagem, fui até a caixa de correio do prédio. Em meio aos reclames inúteis de sempre, destacava-se um envelope timbrado da Prefeitura de São Paulo, com a informação que se tratava de um comunicado originado no Departamento de Operação do Sistema Viário. Meio sem entender o que eu tinha a ver com aquela carta, abri o envelope, e, para meu espanto, era uma infração de trânsito ocorrida naquela cidade durante a madrugada do último dia 5 de fevereiro. Como prova, uma foto de radar, muito escura, mas em que era possível ler as letras e números da placa de meu carro e constatar que se tratava do mesmo modelo, porém sem identificar se a cor era a mesma. E agora?”, conta o leitor.

Segundo Marcassa, no mesmo documento havia as instruções para identificar o condutor, que teria registrado em seu prontuário quatro pontos como penalidade por ultrapassar em 10% o limite de velocidade permitido. Caso não reconhecesse a autuação, caberia um recurso ao citado órgão de trânsito para que pudessem analisar e, em mais ou menos 20 dias, julgar procedente ou não a apelação. “Se ficasse só nisso, estava de bom tamanho. Mas a dúvida maior era se houve a clonagem da placa ou um erro de leitura do equipamento”, explica.

Marcassa teve muito trabalho, como ele próprio conta. “Na mesma hora que a foto do radar foi batida, o meu carro estava parado na garagem do prédio, distante quase 700 km do local onde a infração foi cometida. E como o ônus da prova cabe a quem alega, me restou juntar uma série de evidências para, exaustivamente, mostrar que não se tratava do mesmo veículo. Recorri as câmeras da garagem, a testemunho de vizinho atestando que o carro não saiu da vaga naquela madrugada, e até bilhete de passagem aérea como forma de provar que eu estava fora do país e que cheguei em casa no domingo, dia 4, próximo da meia-noite. Nem que eu fosse o Ayrton Senna conseguiria pegar a estrada rumo a São Paulo e chegar lá em pouco mais de cinco horas, em tempo de cometer a tal infração”, relata ele.

Segundo o leitor, fotos coloridas do carro na garagem e fora dela, com a placa bem visível, também foram providenciadas e anexadas para o Departamento de Operação do Sistema Viário. E isso não bastou. “Me dirigi ao Detran para registrar um BO. Agora, é esperar. Me informaram não ter outras multas no sistema. Escrevo para sua coluna como forma de desabafo, porque neste caso nada pode ser feito. Fui escolhido, como me disse um despachante consultado. Resta aguardar que a comissão que vai apreciar o recurso, se convença de que se trata de um equívoco”, finaliza.

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