Raquel Faria

À espera do pior
Publicado em: Mon Dec 22 03:00:00 GMT-03:00 2014

À espera do pior

Empreiteiros já admitem a extinção de construtoras do Petrolão, ameaçadas de virar pó como a Delta do caso Cachoeira. Demissões em larga escala já ocorrem em gigantes da construção desde novembro, com o fluxo de caixa sentindo o primeiro golpe do escândalo. E o pior ainda está por vir.

Crime e castigo

Assombra a construção pesada o dispositivo legal que proíbe o poder público de contratar empresas corruptoras. Toda as obras das empreiteiras do Petrolão deverão passar pelo crivo de promotores e tribunais. Já há quem defenda anistia das penalidades para não paralisar os projetos. Na semana passada, Robson Andrade, da CNI, lançou apelo pela continuidade das obras. Porém, pela lei, isso se daria com outras construtoras e não as atuais.

Atrás vem gente

Nos bastidores, as empreiteiras de segundo escalão já se mexem. Sobretudo as que fizeram sucesso na área privada, executando obras menores, porém mais fiscalizadas, começam a se mobilizar para ocupar o vazio que Odebrecht, Camargo, Queiroz, Mendes e outras deverão deixar no mercado. O setor empreiteiro parece dividido: um lado quer o perdão, outro torce pelo castigo.

Novo arranjo

O deputado Tadeu Leite (PMDB) poderá ser o secretário Desenvolvimento Regional e Política Urbana, na composição do governo Pimentel, e não mais o titular da pasta de Esportes e Turismo como vem sendo especulado.

Maior dureza

A crise já bate no setor cultural. Durante lançamento de dois livros sobre o Grupo Galpão, semana passada, o ator e diretor Chico Pelúcio expôs em público as dificuldades financeiras da famosa trupe, que acumulou dívidas em 2014 e enfrenta o período mais difícil de seus 15 anos de existência.

Fonte secando

Sucesso não falta. O novo espetáculo do Galpão, “De Tempo Somos”, teve casa esgotada no Cine Horto neste fim de semana. Mas bilheteria não paga produção teatral no país. Em média, segundo produtores, os ingressos cobrem só 5% dos custos. O teatro vive de patrocínios empresariais. E eles estão encolhendo.

Resistir e resistir

Uma das maiores parceiras do teatro mineiro, Usiminas, amarga prejuízos. A maior investidora nacional em cultura, Petrobras, afoga-se no escândalo. Com grandes patrocinadores em crise, o mundo do espetáculo pode ter pela frente tempos ainda mais difíceis: um teste de "resistência", palavra muito repetida por Pelúcio em seu discurso-desabafo.

Paisagem

As placas de aluga-se estão se alastrando pela capital. O aumento da oferta de imóveis para locação já é visível, sobretudo no segmento comercial. Mais cedo ou tarde, isso deverá ter impacto nos preços.

Veio para ficar

Josué Gomes da Silva disse a um interlocutor no meio empresarial que sua estreia na política foi definitiva e que pretende se candidatar de novo daqui a quatro anos. O filho de José Alencar ficou animado com sua votação para senador este ano: cerca de 30% dos votos válidos.

Ainda no páreo

O empresário que esteve com Josué, em São Paulo, ficou com a impressão de que ele já tem algo armado para se manter na política até 2018. E pode estar de volta aos planos do Planalto para o novo ministério. Uma segunda fonte, na área política, afirma que Josué continua com chances de integrar o governo Dilma, com apoio do seu partido PMDB, que quer ocupar até seis ministérios, mas tem poucos quadros aceitáveis pela presidente.

Só ficha limpa

A propósito, caberá a Michel Temer confirmar hoje à bancada do PMDB a notícia que o partido rejeita ouvir: Dilma não nomeará nenhum suspeito de ligação com o Petrolão. A carapuça vale especialmente para o presidente da Câmara Federal, Henrique Alves, que planejava se abrigar na Esplanada após deixar o cargo e o mandato.