Raquel Faria

Âncora de Temer
Publicado em: Sun Jul 17 03:00:00 GMT-03:00 2016

Âncora de Temer

A eleição de Rodrigo Maia (DEM) para presidente da Câmara Federal, em articulação impulsionada por Aécio Neves, moveu o eixo do poder político. A mudança tirou força do centrão, que mandava com Cunha, e encorpou a ala governista liderada pelo PSDB, legenda tão vitoriosa com Maia quanto o próprio DEM. Agora mais influente no Legislativo, o PSDB amplia seu peso na sustentação de Temer, surgindo como o principal aliado da base. O interino ficou mais dependente dos tucanos. O PSDB está se tornando para a gestão do peemedebista o que o PMDB foi para os governos do PT.

Novo gás

A escolha de Aécio Neves para primeira visita oficial de Maia no cargo foi um gesto emblemático, que disse tudo sobre o papel do senador. Aécio cresceu no episódio, reforçando sua posição de liderança e presidenciável tanto no PSDB como no campo partidário comandado pela legenda.

Volta ao páreo

Para o presidente do PSDB-MG, Domingos Sávio, Aécio detém o apoio da maioria dos parlamentares e diretórios tucanos, apesar do avanço dos rivais Alckmin e Serra. Ou seja, Aécio está no jogo presidencial, do qual parecia se afastar. Após a eleição de Maia, não há como duvidar dessa avaliação. Hoje, o maior problema de Aécio não é o tucanato paulista e, sim, a ameaça que paira sobre tantos outros políticos: a onda de delações no país.

Operação BH

Para completar o cenário positivo, o PSDB e Aécio veem perspectivas de vitória na eleição para a PBH, com o seu candidato João Leite na liderança das pesquisas e favorito para uma das vagas do 2º turno. A reconquista da capital é estratégica para a retomada tucana do governo do Estado em 2018.

Além da sobrevivência. A escritora deficiente visual Joyce Guerra, um exemplo de superação, com a editora Sara Coelho e Kátia Gutierrez, no lançamento do seu livro “Muito Além da Sobrevivência”, um dos eventos marcantes na ALMG e destaque da fotonovela “Aconteceu na Assembleia” (www.redefotonovela.com).

Caso Borges

Mauro Borges disse a um interlocutor que não está nos seus planos deixar a presidência da Cemig para assumir a superpasta do Desenvolvimento a ser criada no Estado. Porém, até ontem, nem a estatal nem o governo haviam desmentido a informação da coluna de que a mudança teria sido cogitada na equipe de Pimentel. O entrave à troca seria a perda salarial para Borges.

Mão no bolso

Há notícias de vereadores mineiros vendendo imóveis e tirando dinheiro da poupança para financiar suas campanhas. As doações de empresas estão proibidas, e as contribuições individuais, embora legais, estão inviabilizadas na prática pela burocracia imposta pelo TSE. Assim, os candidatos só estão podendo contar com os próprios recursos.

Política de classe

Eleger-se sai muito caro: os custos mínimos para campanha à CMBH estão estimados em R$ 200 mil. O autofinanciamento traz um novo perigo para o sistema eleitoral do país, já tão cheio de distorções: o de favorecer os ricos e eliminar os pobres das campanhas, funcionando como um filtro social das candidaturas e elitizando ainda mais a política brasileira.

Plataforma

Ciro Gomes confirmou presença na convenção em Barbacena (MG) que irá oficializar a candidatura da ex-prefeita Danuza Bias Fortes, que tenta voltar ao cargo. Hoje no PDT, o ex-ministro está aproveitando palanques do seu partido e de aliados neste pleito municipal para lançar a sua pré-candidatura a presidente em 2018.

Padrão 1989

Embala a nova candidatura de Ciro, que já disputou o Planalto em 1998 e 2002, o prognóstico de dispersão política no pleito, com a proliferação de concorrentes e ausência de polarização abrindo chance para nomes fora das grandes estruturas partidárias. Na visão de Ciro, o pleito de 2018 repetirá “o padrão de 1989”, quando Collor foi eleito por partido nanico, o PRN.