Raquel Faria

Aprofundando
Publicado em: Wed Nov 25 02:00:00 GMT-03:00 2015

Aprofundando

Só nesta segunda-feira, chegaram ao conhecimento da coluna duas levas de demissões: uma cimenteira dispensou mais de 90 pessoas, quase 50% do quadro, em Pedro Leopoldo; e a AngloAmerican cortou um número não sabido de funcionários na mineração MinasRio, após mudar sua cúpula no Estado. A crise está se aprofundando na economia, sobretudo na indústria.

Sem chão

A crise desceu um patamar, mas ainda não encontrou o chão. Ou seja, pode cair mais. Isso está claro no setor mineral, que viu nos últimos dias o preço do minério de ferro bater nova mínima histórica: US$ 44. E para agravar, com viés de baixa. Há poucos meses, achava-se que US$ 50 seria o piso; agora, é torcer para que não caia abaixo da linha de US$ 40.

Sem chance

No novo patamar de preço, mais minas de ferro se tornam economicamente inviáveis em Minas, inclusive projetos grandiosos como o MinasRio. Não se sabe o custo exato da AngloAmerican, mas certamente está bem acima de US$ 40. Além de amargar prejuízo, essa mineradora pode dar adeus aos cerca de R$ 10 bilhões que investiu em mineroduto e minas: hoje, não se vislumbra a menor chance de que ela possa reaver esse dinheiro.

Sem saída

A nova baixa de preço também dificulta a retomada da Samarco. Com suas minas paralisadas, a alternativa da mineradora seria comprar minério de terceiros para produzir pelotas e cumprir contratos com clientes. Ocorre que sua logística foi comprometida e novo transporte até a base capixaba implica em mais custos – ou perdas para o caixa da empresa.

Salve-se quem puder

De fato, a sobrevivência na mineração de ferro virou um enorme desafio para todas as mineradoras que operam em Minas. Resta esperar para ver quem, ou o que, conseguirá se manter de pé daqui pra frente.

Nova Cemig

A Cemig vai com apetite ao leilão hoje de usinas, preparada para arrematar 14 das 18 barragens cujas concessões deixou de renovar em 2012 em meio a uma queda de braço com o governo federal. A retomada das usinas é um ponto de honra para o presidente Mauro Borges, que aposta no evento como um marco ou linha divisória na empresa, a diferenciar a atual gestão petista da administração anterior tucana.

Esquerda volver

A distribuição de dividendos aos acionistas, que foi de 100% nos governos do PSDB e voltou, este ano, aos 25% da gestão Itamar Franco, é outro ponto que tem sido apontado na empresa como exemplo da mudança após a chegada de Borges, um economista e petista, visto no governo com o “mais à esquerda” entre os membros do grupo de Pimentel.

Choque vizinho

O mercado espera uma maxidesvalorização do peso após a posse do novo governo argentino no dia 10. As projeções para a perda de valor da moeda vizinha estão em torno de 50%, que é a diferença atual entre a cotação do dólar no câmbio oficial e no paralelo – a chamada defasagem cambial.

Fala governo

Em e-mail à coluna, ontem, o secretário de Planejamento e Gestão, Helvécio Magalhães, negou que o acordo com os professores possa ser descumprido. Ele afirmou que o acordo “continuará a ser cumprido integralmente pelo governo, incluindo a correção dos salários nos termos do piso nacional”.

Dando seu jeito

Segundo o secretário, técnicos do Planejamento, da Fazenda e da Casa Civil estudam formas de “compatibilizar os limites impostos pela Lei de Responsabilidade Fiscal – que veta a concessão de aumentos aos Estados que atingirem o limite prudencial – e a Lei 21.710, de 2015”. Ou seja, estão tentando encontrar um jeito de contornar o impasse apontado na coluna.