Raquel Faria

Ato de resistência
Publicado em: Fri Jul 06 03:00:00 GMT-03:00 2018

Ato de resistência

A entrega, na última terça-feira, do prêmio Copasa/Sinparc aos melhores das artes cênicas mineiras em 2017 foi marcada por falas que lembraram as dificuldades da atividade e exortaram à união e à parceria dos artistas como meio possível de superação. Queixas e apelos de classe são recorrentes em premiações, especialmente nesse meio. O que chamou atenção no evento recente foi a intensidade dos discursos, além da simplicidade de tudo e de todos. Dedicar-se ao teatro e à dança nunca foi fácil no Estado. Agora, pelo ouvido e visto, está virando um ato de resistência – aliás, uma palavra muito repetida na premiação, junto com outras que expressam sentimento grupal como coletivo, afeto, relacionamento, amizade, etc.

Crises e gargalos

Os artistas cênicos enfrentam crises que também afetam outras categorias, perdendo mercado e clientela (ou público e patrocínios) com a estagnação econômica no país e mudanças de comportamento geradas pelo fenômeno das redes sociais. Mas, o segmento também tem as suas crises particulares, com gargalos na cadeia de produção resultantes de equívocos nas decisões de políticas e investimentos no Estado. Um exemplo: os equipamentos em oferta não se ajustam à demanda. BH tem muitos teatros grandes, vários abertos nos últimos dez anos, mas seus grupos de artistas não têm estrutura para ocupá-los; restam ociosos tanto palcos como profissionais.

Aqui é pior

A crise do teatro seria aguçada em Minas pelo menor apoio empresarial. Agraciados do Prêmio Copasa/Sinparc citaram empresas que se recusam a patrocinar grupos mineiros embora invistam forte na atividade no eixo Rio-SP; esses seriam os casos de Vivo, Itaú e Bradesco. Também foi criticada a decisão da Fiemg de fechar a Cia de Dança Sesiminas, que deu os dois bailarinos premiados no evento, agora artistas “desempregados”.

Arte e o PIB

O teatro sobreviverá em Minas, assim como sobreviveu às transformações no mundo durante 2.500 anos. Mas subsistir não é crescer. Embora muita gente não se dê conta, a arte tem peso cada vez mais relevante, inclusive para o PIB. Não há desenvolvimento cultural sem arte. E sem desenvolver a cultura não se avançará na economia criativa, nem BH se tornará uma cidade atraente para sediar empresas, receber executivos e eventos corporativos.

Força à oposição

Adalclever Lopes dá amanhã nova mostra de disposição para concorrer ao governo. E como candidato de oposição a Pimentel, de quem até outro dia era o principal aliado. Ele vai estrelar evento emedebista em Sete Lagoas, organizado por correligionários, com o discurso de que Minas está “em crise” e precisa de “novo rumo”. Em outro sinal de pendor oposicionista, o presidente da ALMG indica, nos bastidores, que não será fácil a tramitação da indicação do líder do PT, Durval Ângelo, para vaga no TCE. A eventual recusa da indicação seria uma grande derrota política para o governador.

Ao que der e vier

Este será o terceiro evento eleitoral de Adalclever; antes ele foi a Montes Claros e Manhuaçu. Ainda há quem duvide da sua candidatura ao governo. Mas essa pode ser a melhor opção agora, já que ele não preparou a reeleição como deputado e a disputa do Senado está mais e mais concorrida.

Byron O'Neill, Saulo Salomão, Louraidan Larsen e Ronaldo Jannotti comemoram o prêmio de melhor espetáculo de teatro adulto em 2017 com a peça “Uma Tendência para a Alegria”.

Ajuste de rota

Nesta semana, por decisão do MP e da 12ª Vara Federal, a Fundação Getúlio Vargas foi contratada para avaliação dos danos causados pelo rompimento da barragem do Fundão em Mariana. O diretor da FGV Oscar Vilhena fará a coordenação técnica com o suporte jurídico de Décio Freire, consultor especial da presidência. É um trabalho gigantesco que, espera-se, poderá resolver finalmente o imbróglio em torno do acidente, sem solução há 2,5 anos. Apoiaram firmemente a nova rota o procurador federal José Adércio Leite Sampaio e o chefe do MPMG, Sérgio Tonet.