Raquel Faria

Caça a Kalil
Publicado em: Fri Feb 09 02:00:00 GMT-03:00 2018

Caça a Kalil

Já começou a disputa pelo apoio mais cobiçado nesta campanha eleitoral em Minas: o de Alexandre Kalil. O prefeito de BH é alvo de investidas nos bastidores dos dois candidatos ao governo à frente nas pesquisas: Pimentel e Marcio Lacerda. Mais explícito, o empresário Romeu Zema, candidato do estreante Novo e lanterninha na corrida, foi pessoalmente à PBH no dia 06, para uma audiência na qual deve ter se apresentado como a novidade e o outsider de 2018, como foi o próprio Kalil em 2016. Todos querem o apoio do prefeito, cuja popularidade se mantém alta após um ano de gestão.

Ponte sólida

Lacerda e Kalil rangeram dentes na campanha de 2016: o primeiro era o prefeito defendendo seu legado e o outro um candidato crítico buscando voto. Mas isso é passado. Hoje o ex-prefeito tem erguida uma sólida ponte de ligação com seu sucessor: Josué Valadão. Amigo, ex-funcionário e principal assessor de Lacerda até 2016, Valadão assumiu secretaria de peso no governo Kalil, a de Obras, e vem conquistando a confiança do prefeito. Um encontro entre o prefeito e o antecessor está sendo articulado.

Em sintonia

De sua parte, Pimentel colocou interlocutores em campo para atrair Kalil. O governador tem muitos aliados em comum com o prefeito. Também ajuda na aproximação política a sintonia institucional entre o governo de Minas e a PBH, que estão conseguindo trabalhar bem em conjunto como mostra o sucesso do Carnaval de rua na capital.

Sem candidato

Kalil ainda não manifestou preferência. Está no bloco dos indecisos. E pode ficar neutro na eleição, não apoiando nenhum candidato a governador, conforme já admitiu a um auxiliar. Mas está aberto às conversas e ao jogo de conquista dos candidatos. Tanto que não repele as investidas.

Tucano não

Entre assessores na PBH há uma única certeza sobre a posição de Kalil nas eleições: o apoio ao PSDB está descartado. Os que cercam o prefeito dizem que ele não subirá no palanque tucano em nenhuma hipótese, nem mesmo se o candidato for Anastasia, o seu único interlocutor no partido.

A candidata mineira ao Senado italiano, Silvana Rizzioli, com o marido Valentino; o Parlamento da Itália é o único no mundo com representantes de cidadãos residentes em outros países.

Vítima do stress

Francisco Kupidlowski entregou a Secretaria de Administração Prisional nesta quarta-feira por não suportar mais “as pressões no cargo”, segundo as palavras de uma fonte militar. Ele sucumbiu após mais um incêndio em sua pasta, palco de problemas desde sua criação em 2016. Surpreendido com a baixa, o governo escalou o secretário da Segurança, Sérgio Menezes, para acumular a vaga até arranjar quem dê conta dela.

Focos de tensão

O foco maior das tensões hoje na administração prisional é a penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, de onde presos estão ordenando a queima de ônibus e outros protestos por maus tratos e superlotação. Mas o sistema prisional não é a única ameaça na segurança pública: começa a ser notado um clima difuso e crescente de insatisfação na base militar; assim como o ex-secretário, a tropa anda cada vez mais estressada.

Guerra e crença

Além das antigas demandas corporativas, há novas questões estressando a tropa. Não é difícil entender o sentimento do soldado diante da violência e da situação geral no país. Ele é quem vai para o front na guerra ao crime. E ele está se sentindo cada vez mais desamparado e desprotegido pelo poder público para enfrentar tal guerra; está perdendo a confiança e a crença nas instituições em nome das quais coloca em risco a sua vida.

Desestabilizador

Fernando Henrique Cardoso passou a atuar nos bastidores e na mídia a favor de Luciano Huck, um presidenciável incerto e imprevisível que ainda não botou a cara na disputa. Com essa campanha, o que o ex-presidente está conseguindo efetivamente é desestabilizar a candidatura do colega de partido Geraldo Alckmin, um presidenciável sem dúvida e dissimulação.