Raquel Faria

Caça tucano
Publicado em: Fri Aug 26 03:00:00 GMT-03:00 2016

Caça tucano

Os tucanos vão sendo extintos na PBH. A caçada tem sido diária no “DOM”. Anteontem, Marcelo Lana saiu da pasta adjunta de Segurança Alimentar com gerentes e assessores. Nesta quarta foi a vez de Hélio Junior deixar a o posto de secretário de Segurança Patrimonial com uma leva de afilhados do PSDB que estavam lotados nos escalões médios da pasta.

Fora de mira

Alguns tucanos estão se esquivando dos tiros. É o caso dos ex-deputados Célio Moreira, adjunto de Esportes, e José Maia, controlador do município. Também Custódio Mattos vai ficando na SLU e Ramon Cesar na BHTrans. Nos bastidores comenta-se que os tucanos poupados fecharam apoio ao candidato do prefeito, Délio Malheiros. Por isso continuam.

Pós-implosão

A caçada na PBH expõe o nível crítico a que chegaram as relações entre Aécio Neves e Lacerda. Ao que tudo indica, o acordo político que os uniu por oito anos desmoronou com a implosão do palanque do PSB, erguido pelo prefeito em torno da candidatura de Paulo Brant e desfeito por caciques em Brasília. A ruptura que está ocorrendo na aliança tucano-lacerdista reforça as suspeitas de que o senador ajudou a desconstruir a alternativa Brant.

Filho único

Lacerda nunca foi fã de João Leite, a quem preteriu na Secretaria de Obras. Agora, definitivamente, o candidato do PSDB não é opção para o prefeito. O divórcio dos tucanos deixa o grupo lacerdista dependente do êxito de Délio, do PSD, sua única aposta nesta campanha.

Saindo da casca

A julgar pela agenda, Pimentel está intensificando sua presença em eventos públicos, após longa fase de muita discrição e recolhimento. Nesta terça-feira, o governador entregou veículos à Emater, na quarta recebeu equipes de startups e, na quinta, foi à formatura de investigadores da Polícia Civil.

A primeira-dama Carol Pimentel (à dir.) posa com a ex-aluna Mariana Pedrosa na aula inaugural do novo curso do programa Cozinha Inteligente, criado pelo Servas.

No fio da espada

A Lava Jato vive momentos tensos, talvez os mais dramáticos desde o seu início. A operação anticorrupção sempre enfrentou resistências. Agora, está recebendo muitas críticas (algumas até justas e pertinentes, admita-se) e, o mais importante, é alvo de um ataque brutal nos bastidores em Brasília por forças empenhadas em deter o avanço das investigações antes que elas atinjam o centro do poder político. Indo direto ao ponto: vale tudo hoje para obstruir a delação da OAS, aquela que derrubaria a República.

Todos ou nenhum

Políticos com foro privilegiado formam maioria entre os mais de 360 alvos da Lava Jato que podem virar réus no STF. E já perceberem que não há como punir alguns e deixar o grosso impune: ou caem todos ou não cai nenhum. A salvação tem que ser coletiva. Esse entendimento foi expresso na inesperada aliança entre os ministros mais associados a polos políticos: o “tucano-peemedebista” Gilmar Mendes e o “petista” Dias Toffoli.

A nova aliança

Gilmar e Toffoli se aproximaram durante a transição de poder no TSE, cuja presidência foi passada do 2º ao 1º em maio. Após longo tempo em campos contrários, afinaram violas para cantar juntos, numa aliança emblemática da convergência política que vai se dando em torno da tese de que é preciso parar a Lava Jato, ou o país será paralisado por falta de gente para governá-lo. O interesse em livrar da cadeia os respectivos caciques está unindo PT, PSDB, PMDB e todos os seus aliados.