Raquel Faria

Caso Robson
Publicado em: Mon Nov 23 02:00:00 GMT-03:00 2015

Caso Robson

O ex-presidente da Fiemg Stefan Salej reforçou ontem as suas denúncias sobre o uso de entidades empresariais para aparelhar o Estado e propiciar negócios para grupos de empresários. E apontou o seu sucessor na Fiemg, Robson Andrade, hoje presidente da CNI, como cabeça de uma grande rede de tráfico de influência no setor púbico. “Há vários formas de corrupção no meio empresarial além do pagamento de propinas”, disse.

Modus operandi

O modus operandi de empresários é o mesmo de políticos: influenciam as decisões em estatais e governos, colocando ou cooptando aliados em postos-chaves. Na Cemig, segundo Salej, Robson teria montado a sua rede com ajuda de Stalin Duarte, ex-diretor de Compras, e especialmente de José da Costa Carvalho Neto, que passou por vários cargos na empresa, inclusive a presidência. Salej diz que José da Costa, a quem chama de Zezinho, foi sócio e funcionário de Robson. A partir de 2010, a parceria que se estabeleceu em Minas foi replicada em Brasília, com Robson ascendendo à CNI e catapultando Zezinho à presidência da Eletrobras.

Roda da fortuna

No dia 16/6 de 2011, a coluna publicou nota sobre o êxito dos negócios de Robson Andrade, informando que o seu grupo Orteng “diversificou atividades e elevou o faturamento de R$ 80 milhões em 2000 para R$ 600 milhões no ano passado”. Ou seja: em dez anos, um crescimento de 750%. Primeiro a Orteng se expandiu na área da Cemig/Eletrobras. Depois avançou sobre outro setor de domínio do setor púbico: petróleo e gás.

Cruzada

Salej parece decidido a continuar disparando contra os lobbies privados que operam no Estado a partir das entidades empresariais. Com 72 anos, ele diz que, “antes de morrer”, quer ver a representação empresarial passada a limpo. E se coloca “à disposição das autoridades” para ajudar a abrir mais essa caixa preta no país.

Imersão

Todo o secretariado de BH passou o último sábado reunido com o prefeito Marcio Lacerda na Fundação Dom Cabral, em Alphaville. O encontro começou cedo e se estendeu até o final da tarde. A FDC é famosa por seus cursos para executivos e gerentes.

Resistência

A posse na quinta-feira (19) da primeira mulher a chefiar a Polícia Civil mineira, delegada Andréa Vacchiano, foi precedida por intensa troca de mensagens entre policiais no WhatsApp, todas carregadas de hostilidade à delegada. Depois, diante do fato irreversível, as críticas foram cedendo.

Missão ingrata

As resistências internas na corporação de quadros predominantemente masculinos não são o único desafio à espera da delegada. Para ter êxito à frente da PC, ela terá que buscar um relacionamento estreito com a PM e vencer a velha rixa entre as duas polícias. Até agora, ninguém conseguiu.

Pole position

Neste fim de semana, ao lançar candidatos em BH (Mário Henrique Caixa), Juiz de Fora (Wadson Ribeiro) e Betim (Gerado Pimenta), além da reeleição de Carlin Moura em Contagem, o PCdoB se tornou o primeiro partido a se posicionar para as eleições de prefeito na capital e três das maiores cidades mineiras. Agora, a legenda irá trabalhando a divulgação dos seus nomes, enquanto aguarda a decisão dos parceiros em 2016. Sair na frente não garante a vitória, é claro. Mas não deixa de ser uma vantagem, especialmente numa campanha que promete ser curtíssima e sem dinheiro.

União faz a força

A dianteira do PCdoB na montagem de candidaturas se deve a sua razoável coesão interna. A legenda comunista tem tido baixa ocorrência de “fogo amigo” e disputas entre membros, que levam às fissuras partidárias.