Raquel Faria

Contra-ofensiva
Publicado em: Tue Apr 10 03:00:00 GMT-03:00 2018

Contra-ofensiva

O PSDB e o DEM, ambos com nomes postos para governador, já negociam uma união em resposta ao lançamento de Dilma Rousseff ao Senado por Minas. A entrada da ex-presidente na política mineira, sacramentada na sexta, provocou no fim de semana sucessivas reuniões oposicionistas, envolvendo inclusive as cúpulas nacionais de partidos. A avaliação geral é que a chapa de Pimentel foi reforçada. E diante disso a oposição precisa marchar unida desde já. Está em curso uma grande ofensiva para reagrupar as forças anti-PT e antigoverno em torno do senador Anastasia.

Todos por todos

Os defensores da chapa única de oposição para a disputa do governo e do Senado alegam que o reagrupamento é necessário para evitar dissensos e rachas dentro do próprio campo. O raciocínio é simples: com Pimentel mais forte para chegar ao segundo turno, os nomes da oposição teriam que se rivalizar para disputarem entre si a segunda vaga na decisão final. E essa briga interna pode fragilizar a oposição.

Chapa dos sonhos

Na chapa dos desejos dos oposicionistas pró-união, Anastasia disputaria o governo com Dinis Pinheiro (SD) na vice e Rodrigo Pacheco DEM)em uma vaga ao Senado. Nas suas conversas com o PSDB, a cúpula nacional democrata já sinalizou endosso ao acordo. E a prioridade dos democratas em Minas, se não disputar o governo, passa a ser o Senado.

Ovelha desgarrada

A outra vaga de senador no chapão seguiria aberta para Marcio Lacerda. Os pró-união vão insistir para que o ex-prefeito se junte a Anastasia. Acham que ele pode topar porque a sua candidatura estaria “isolada”. Um detalhe muito importante: os unicistas e anastasistas nem citam o senador Aécio.

Eu sou o cara

Por enquanto, Lacerda parece estar mais fugindo do que se aproximando do palanque de Anastasia e do bloco de oposição liderado pelo PSDB. Ele está dando gás à própria campanha: esta semana percorre 11 cidades da região Sul. Lacerda tomou novo embalo e disposição após receber pesquisas que o apontam como o nome mais competitivo na oposição. Ou seja, na visão de Lacerda, ele é o candidato para vencer Pimentel e não o tucano.

Vice a postos

O deputado Jaime Martins, filiado ao Pros nesta sexta-feira, era ontem a maior aposta nos meios políticos para a vice de Lacerda. Já há conversas nesse sentido. O ex-prefeito precisa de novos apoios partidários para dar musculatura política à candidatura. E o Pros exige a vice em troca. Aliás, foi essa vaga que atraiu Jaime ao partido (ele era do PSD).

O senador Anastasia e o deputado Rodrigo Pacheco conversando neste sábado (07) em meio a articulações para reagrupar a oposição.

Lula 7 x Moro 1

O trekking é só uma parte da vitória de Lula. A imagem da sua prisão mais reproduzida no Brasil e no mundo todo é a foto em que ele é visto de cima nos braços da multidão arrebatada. Também nas redes sociais foi nítida a empatia gerada pelo ex-presidente com sua resistência em se entregar à PF. Se a novela da prisão fosse um jogo, com o ex-presidente e o juiz Sérgio Moro no papel de competidores, o placar final seria uma goleada do tipo que a Alemanha deu no Brasil na Copa de 2014.

Tiro pela culatra

Moro e magistrados do TRF4 tentaram usando o fator surpresa para não dar tempo a Lula de espetacularizar e politizar a sua prisão. Mas, o tiro saiu pela culatra. O açodamento deu a impressão de arbitrariedade. As pessoas ficaram “estarrecidas”, segundo o trekking, com o aparente assédio judicial seletivo. O fato é que Lula dominou o jogo o tempo todo. Conseguiu o que quis: reforçar dentro e fora do país a versão do preso político, vítima de golpe, e marcar a sua retirada com um espetáculo memorável, que tão cedo será esquecido.

Efeito positivo

A prisão de Lula fez bem à imagem do ex-presidente segundo constatou uma pesquisa trekking (consulta por telefone para monitoramento) feita nos últimos dias por um grande instituto nacional. Nas palavras de quem teve acesso à consulta, o apoio a Lula “explodiu” na população.