Raquel Faria

“Irremovível”
Publicado em: Tue Apr 24 03:00:00 GMT-03:00 2018

“Irremovível”

Anastasia nem esperou chegar a São Paulo, onde desembarcaria ontem às 22h procedente do Japão, para abortar as especulações de que desistiria da candidatura ao governo em função do desgaste do PSDB com o cerco da Justiça a dois dos principais nomes tucanos no Estado: o senador Aécio Neves, agora réu no STF, e o ex-governador Eduardo Azeredo, prestes a ser preso. Sem titubear, antes de deixar Tóquio, ele já telefonou a aliados para refutar a renúncia. Disse que a sua candidatura é “irremovível”. E para maior crédito das próprias palavras, chamou os interlocutores para reuniões de campanha nos próximos dias. Por ora, Anastasia segue candidatíssimo.

Vão sonhando

A pose “irremovível” convenceu o pessoal de Anastasia. “A desistência é projeto que só existe no sonho de outros candidatos”, comentou ontem um ‘anastasista’ referindo-se a Rodrigo Pacheco, do DEM. Outro beneficiário direto da retirada do tucano da disputa seria Marcio Lacerda, do PSB. O fato é que a desestabilização da campanha tucana interessa a candidatos que disputam com o senador o espaço da oposição ao governo Pimentel.

Núcleo duro

Quatro homens despontam como articuladores e conselheiros da campanha tucana. São eles o suplente Alexandre Silveira (PSD), que assumirá a vaga de Anastasia no Senado em caso de vitória em outubro, e os deputados que integram a cúpula do PSDB-MG: o presidente do partido Domingos Sávio e seus antecessores Marcus Pestana e Paulo Abi-Ackel.

Pegou mal

Delegados aposentados e mais antigos da Polícia Civil articulavam ontem uma nota com manifestação de repúdio à conduta dos policiais da própria corporação durante a prisão do jornalista Márcio Fagundes na semana passada. Para esses delegados, os policiais teriam usado violência e força desnecessárias. A prisão repercutiu muito mal na PC e outros órgãos estaduais, onde o jornalista cultivou amigos desde a sua passagem como assessor de imprensa no governo Hélio Garcia.

Além da medida

A rede de solidariedade ao jornalista só cresce. Já ocorreram inclusive doações financeiras para a sua defesa. Talvez seja a prisão mais contestada no âmbito da polícia estadual em muito tempo. A reação se dá em razão da popularidade de Fagundes e também por motivos jurídicos: os advogados questionam a prisão preventiva do jornalista, já que ele colaborava com as investigações. Além disso, generalizou-se entre conhecidos o entendimento de que ele, na chefia da imprensa da CMBH, cumpriu ordens ao assinar a licitação de publicidade suspeita de fraude; os eventuais erros que ele cometeu seriam administrativos e não criminais. Enfim, vai prevalecendo a percepção de que ele teve papel menor na fraude e não se beneficiou dela. Diante disso, a mão da Justiça parece pesada demais.

Sucesso. O estilista Eduardo Amarante (centro), da Skasi, foi aplaudido pela bela coleção apresentada, na semana passada, no Minas Trand, no Expominas, e recebeu o carinho de beldades como Carol Marra, Antônia Fontenelle, Paula Fernandes e Juliana Paes, entre outras

A teoria

Algumas fontes, com base no comentário de desembargadores, consideram “precipitado” o prognóstico de que Eduardo Azeredo terá prisão decretada após o TJ negar, como se espera, o último recurso judicial a ser apreciado hoje na corte. Os que ainda veem esperanças para o ex-governador alegam que a prisão após a condenação em 2ª instância não é automática e, sim, uma possibilidade. Na teoria da lei, os magistrados têm opção. E poderiam decidir diferente, permitindo a Azeredo recorrer em liberdade ao STJ.

E a práxis

Na prática, as circunstâncias não estão dando margem para o judiciário exercer o seu poder de escolha neste caso. Depois da prisão célere de Lula, a sociedade não entenderá um tratamento diferente para o ex-governador mineiro. Se Azeredo não começar a cumprir sua pena de mais de 20 anos após a conclusão do processo no TJ, a credibilidade da Justiça desaba. E a resistência à prisão de Lula ganha impulso. O próprio poder judiciário está em jogo na decisão sobre o ex-governador de Minas.