Raquel Faria

Marca do maleiro
Publicado em: Sun Sep 17 03:00:00 GMT-03:00 2017

Temer deve enfrentar mais dificuldades para derrubar a nova denúncia do que a anterior. Entre a primeira e segunda peça da PGR contra o presidente, um fato retumbante mudou muito o quadro político: a apreensão de R$ 51 milhões ligados a Geddel Vieira, já preso e potencial delator. Ainda que o ex-ministro não venha a confirmar os destinatários do dinheiro, a imagem das malas cheias de notas deu materialidade às acusações do procurador geral; tornou o quadrilhão da Câmara uma verdade indiscutível. No povo, a história de Rodrigo Janot já colou. E não se imagina como Temer possa agora se desvencilhar dessa marca de quadrilheiro. Ou maleiro.

Novo paradigma

Janot, o algoz de Temer e outros tantos poderosos, encerra o seu mandato neste domingo com saldo muito positivo. Ele sai carregando críticas dos meios políticos e jurídicos, por exageros e trapalhadas no cargo. Mas, deixa uma reputação de vigor no combate à corrupção. Janot mudou o paradigma na PGR. Ao que sabe, ele não deixou nenhuma denúncia por fazer, limpou as gavetas antes de sair. Depois dele, dificilmente o chefe da PGR voltará a ser chamado no país de ‘engavetador-geral’ da república. 

Minas X Carajás

Cenário resumido do setor mineral a partir de análises e notícias recentes: a Vale começa a substituir o minério de Minas Gerais (cuja produção terá corte de 19 milhões de ton/ano) pelo produto superior de Carajás. Além da melhor logística, o minério paraense tem mais valor. Clientes estão pagando prêmio para ferro de alto teor como o de Carajás, um dos mais puros, e pedindo desconto para o de Minas, que contém sílica. Com isso a diferença de cotação vem crescendo. Segundo o banco Citi, as exigências do mercado podem proporcionar à Vale extras de US$ 2,1 bilhões/ano por conta de Carajás, contra perdas de US$ 900 milhões por Minas Gerais.

Blend mineral

A estratégia da Vale para aproveitar o minério de Minas tem sido misturá-lo ao do Pará. A mistura é feita na Malásia e China. A empresa prevê que esse ‘blend’ mineral chegará a 70 milhões/toneladas neste ano e até 100 milhões/ton em 2018, na seguinte proporção: 2/3 de minério de Carajás e 1/3 de Minas. Gradativamente, o Pará vai tomando o posto de Minas no setor mineral. Mas, ironicamente, neste momento, o minério de Carajás está viabilizando ao menos em parte a mineração de Minas.

Depois da ruidosa passagem de Jair Bolsonaro nesta quinta e sexta-feira, Geraldo Alckmin chega amanhã, 18, para uma série de encontros na capital mineira. Em outubro será a vez de Lula investir no eleitorado mineiro. A campanha presidencial de fato já começou. E está esquentando.

Corda bamba

Pessoas próximas a Antônio Andrade continuam apreensivas com o futuro do vice-governador. Ele foi excluído do grupo peemedebista citado na nova denúncia contra Temer, mas o seu nome permanece nos inquéritos sobre o quadrilhão da Câmara. Andrade caiu para uma segunda divisão do grupo, junto com Sandro Mabel. O que amedronta aliados do vice-governador é o fato de que três dos nove supostos quadrilheiros já foram presos.

Mário Devienne Ferraz, Carlos eduardo Padim e Silvia Padim

Está fora

Alexandre Kalil tem reiterado a interlocutores que não deixará a PBH para disputar o governo do Estado, apesar do desempenho nas pesquisas – o seu nome aparece entre os primeiros quando testado junto aos eleitores.

Preferência

Há poucos dias, ao reafirmar que não será candidato em 2018, o senador Anastasia disse a um deputado estadual que vai apoiar a candidatura de Dinis Pinheiro (PP) para governador.